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Documentário do DF vence festival latino e se qualifica para o Oscar 2021

O filme brasiliense Filhas de Lavadeiras deu um grande passo para o sonho do Oscar. Ao ser premiado nesse domingo (4/10), no festival É Tudo Verdade, o curta se qualificou para estar entre os indicados e pode colocar Brasília na edição de 2021 da maior premiação dos cinemas.

Da cineasta Edileuza Penha de Souza, Filha de Lavadeiras traz relatos de mulheres negras e suas histórias de resistência para que os filhos pudessem ir à escola. A obra, inspirada em livro homônimo da escritora Maria Helena Varga, foi o grande vencedor da categoria de Melhor Curta-Documentário.

“Estou pisando em nuvens. Assim como eu, os outros diretores estavam sonhando e quando isso se torna realidade você toma dimensão da importância desse filme, de falar de memórias, falar de mulheres que – como diz Neide Rafael – ‘com muita água e sabão lavaram nossa dignidade’”, comemorou a diretora.

Acontece que o sonho da diretora em contar as histórias dessas mulheres negras para o Brasil se estendeu para o mundo. O É Tudo Verdade é um dos 29 festivais do mundo que qualificam os seus vencedores a uma indicação ao Oscar, os premiados ficam “dispensados” de cumprir algumas exigências para se credenciar a principal premiação do cinema mundial.

“Atravessar fronteiras assim é o que todo mundo deseja. Eu recebo, mereço, porque não estou falando de mim, estou falando de toda uma ancestralidade, estou falando de todas essas mulheres. Não tenho dúvidas que levar esse filme para o mundo é levar a histórias dessas mulheres negras ao mundo. Nós queremos contar nossas histórias por nós mesmas e, como Angela Davis diz, ‘as mulheres negras movem o cinema’”, completou.

Além de levar o prêmio Mistika, a obra também levou o troféu de Aquisição Canal Brasil de Incentivo ao Curta-Metragem. Antes, já levou o Troféu Tesourinha de Júri Popular no 8º Festival Internacional de Curtas de Brasília; o de Melhor Filme pelo júri popular e Melhor Filme pela região Centro-Oeste, Norte e Nordeste (Conne) no 7° Festival de Cinema Feminino – Tudo sobre Mulheres, em Cuiabá-MT; e Menção Honrosa no 4° Cine Tamoio – Festival de Cinema de São Gonçalo/RJ de 2019.

“Passaporte para o Oscar”

Principal competição de cinema não-ficcional da América Latina, o É Tudo Verdade revelou no último domingo (4/10) os vencedores da 25º edição. Assim como Filhas de Lavadeiras, outras três categorias poderão se credenciar ao Oscar: os premiados nas categorias de Melhor Longa Nacional, Melhor Longa Internacional e Melhor Curta Internacional.

De acordo com o criador do festival, Amir Labaki, o prêmio funciona como uma espécie de “passaporte para o Oscar”. “Há alguns anos, para internacionalizar mais o cardápio de filmes que podiam se candidatar a concorrer ao Oscar, alguns festivais foram convidados a que seus vencedores passassem a se qualificar automaticamente para concorrer a premiação, entre eles o É Tudo Verdade”, disse, em coletiva realizada no dia 9 de setembro.

Ele explicou que, ao vencer suas categorias, as obras são liberadas de algumas exigências para chegar ao Oscar. “Os premiados não precisam cumprir regras de exibição no mercado de salas nos Estados Unidos que existem, por exemplo, para os filmes de ficção. Em resumo, os vencedores das quatro categorias recebem um diploma do É Tudo Verdade, que é encaminhado a Academia, e assim ficam dispensados da temporada no mercado americano”, concluiu.

A lista completa de vencedores do É Tudo Verdade está disponível no site do festival.

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