A vitória presidencial do ultraliberal Javier Milei na Argentina não deverá prejudicar o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, podendo, na verdade, acelerar as negociações antes de sua posse em 10 de dezembro, afirmaram fontes do governo brasileiro, diplomatas e especialistas em comércio.
Apesar das incertezas geradas pelos ataques de Milei e das intensas negociações realizadas por videoconferência para superar diferenças, fontes indicam que o acordo já está em andamento, independentemente das mudanças políticas. Milei, em princípio, é favorável ao acordo e ao livre comércio, de acordo com uma fonte do governo.
A preocupação inicial sobre o futuro do Mercosul e as ameaças de Milei de se retirar do bloco foram atenuadas pelo pragmatismo esperado de ambas as partes, reconhecendo a importância das relações comerciais. A necessidade de concessões adicionais, especialmente em compromissos ambientais, adiou a ratificação do tratado comercial UE-Mercosul, mas os negociadores esperam finalizá-lo antes do encontro do Mercosul em 7 de dezembro.
Apesar das divergências políticas, o presidente eleito Milei e Lula poderiam buscar uma abordagem mais colaborativa, conforme indicado pela declaração de Lula desejando sucesso ao novo governo argentino. No entanto, observa-se que as posições de Milei como negacionista do clima podem representar um obstáculo para a ratificação do pacto comercial na Europa, se ele se tornar alvo de ambientalistas e protecionistas.
A vitória de Milei traz preocupações, especialmente em relação ao plano de dolarização proposto, que envolve a extinção do Banco Central da Argentina e a adoção do dólar norte-americano como moeda oficial. Há incertezas sobre como essas propostas serão implementadas e se haverá alguma moderação em relação ao discurso eleitoral.
Além disso, existe a preocupação de que a ascensão de líderes ultraliberais na América Latina, como Milei, possa ganhar impulso com a aproximação das eleições presidenciais nos Estados Unidos em 2024, destacando a influência de figuras como Donald Trump alinhadas a visões ultraliberais.
Comunicação PTDF