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Após Copom reduzir taxa em 0,50%, CNI defende cortes maiores na Selic

Para presidente da entidade, quedas precisam ser mais “intensas”. CUT denuncia que BC continua boicote ao país com “corte muito abaixo do possível e necessário na taxa Selic, mantendo juros nas alturas”

A tardia redução de 0,50% da taxa Selic, anunciada na noite de quarta-feira (2) pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), trará certo alívio para a economia popular. A atual taxa básica de juros, agora em 13,25%, no entanto, ainda é insuficiente para alavancar a atividade produtiva, já que o país continua com o maior índice de juros reais do mundo, de mais de 10%. A Selic, portanto, precisa cair muito mais, avaliam representantes de setores-chave da economia, como a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Central Única dos Trabalhadores (CUT).

Em nota divulgada após a decisão do Copom, a CNI considerou correta a redução de meio ponto, mas observa que o país precisa de cortes mais intensos. “A decisão foi acertada, uma vez que não compromete o processo de combate à inflação e evita um desaquecimento maior da indústria e da economia”, aponta a nota assinada pelo presidente da entidade, Robson Braga de Andrade.

A CNI destaca ainda que tanto as projeções do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para baixo quanto a valorização do real compõem um cenário positivo de controle da inflação, o que favorece futuras reduções dos juros.

Para a entidade, não resta dúvidas de que o patamar atual dos juros no Brasil causa severos prejuízos para toda a cadeia produtiva, da indústria ao comércio. “Na comparação de junho de 2023 com junho de 2022, a produção da indústria de transformação caiu 1,5%. Já o setor de serviços registrou queda de 2% em maio, em comparação com dezembro de 2022, na série livre de efeitos sazonais”, aponta a confederação.

“Os impactos da Selic alta também são sentidos no mercado de crédito”, continua a CNI. “No primeiro semestre de 2023, na comparação com o último semestre de 2022, as concessões de crédito às empresas caíram 5,2% (queda de 8,0%, em termos reais)”, constata.

“Além disso, tem ocorrido aumento nos níveis de inadimplência e, consequentemente, maior provisionamento pelos bancos – também por conta de eventos adversos relacionados a grandes empresas varejistas no Brasil –, o que compromete ainda mais a oferta de crédito”, justifica a CNI.

Efeito positivo só virá em 2024, diz Fiesp

Em concordância com a CNI, a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), estado com o maior e mais diversificado parque do país, avalia que a redução anunciada pelo BC ainda não tem capacidade de gerar impactos significativos para o setor, sinalizando que é preciso reduções mais expressivas. “Não esperamos efeitos grandes. Só em seis meses, ou seja, no próximo ano”, resumiu o economista-chefe da entidade, Igor Rocha, em depoimento à Folha de S. Paulo.

Há meses, a Fiesp tem sido um dos representantes do setor produtivo mais críticos ao arrocho monetário imposto pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, mostrando um quadro de asfixia e de pouco crescimento. Agora, Rocha apoia-se na sinalização dada pelo Copom no comunicado de quarta-feira de que novos cortes de meio ponto percentual devem se seguir ao mais recente.

Na mesma entrevista à Folha, Rocha disse que, caso se mantenha o cenário de queda da inflação e do dólar, haverá espaço para um corte mais ousado na Selic, de 0,75%, como fez o Chile. Há uma semana, a autoridade monetária chilena cortou os juros em um ponto percentual, para 10,25%.

CUT: reconstrução do país exige redução forte dos juros
Já a CUT manteve o tom crítico que marcou as campanhas da organização contra a política contracionista de Campos Neto. “Apesar da significativa melhoria de todos os indicadores macroeconômicos, o Comitê de Política Monetária (Copom) faz um corte muito abaixo do possível e necessário na taxa Selic, mantendo as taxas de juros nas alturas e seu sistemático boicote ao povo brasileiro”, denunciou a CUT em nota.

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