Foro de São Paulo: 33 anos em defesa da integração regional e da democracia

O Foro de São Paulo conta atualmente com 123 partidos membros em 27 países, que se reúnem em um encontro anual.

Em sua estrutura funcional existe o Grupo de Trabalho, que é composto por representações de 16 países, com reuniões periódicas, além de possuir 3 Secretarias Regionais: Cone Sul, sediada no Uruguai; Andino Amazônica, sediada provisoriamente na Colômbia e Mesoamericana e Caribenha, sediada em El Salvador.

A estrutura do Foro engloba ainda uma Secretaria Executiva, que é responsável por dar encaminhamento às decisões tomadas nas plenárias anuais, nas reuniões regionais e do Grupo de Trabalho. Atualmente, a Secretaria Executiva tem sede na cidade de São Paulo e o PT ocupa essa função.

Os encontros anuais reúnem, além dos partidos membros, convidados de movimentos sociais e organizações políticas de outros continentes. Dentre as atividades realizadas se destacam as plenárias gerais; encontros setoriais de Mulheres, Juventude, Afrodescendentes, Povos Originários, Rede de Fundações e Escolas, dentre outros; oficinas temáticas sobre Meios de Comunicação, Luta Anticolonialista, Seminário sobre Governos Progressistas, dentre outras e a Escola de Formação.

O Foro também mantém relações políticas com outras iniciativas que aglutinam partidos políticos latino-americanos e caribenhos, como a Conferência Permanente de Partidos Políticos de América Latina (COPPPAL), e a Coordenação Socialista Latino-Americana (CSL), bem como organizações de outros continentes.

As ações do Foro de São Paulo são baseadas em quatro princípios fundamentais: Democracia e Autodeterminação; Integração Regional e Soberania; Anti-imperialista e Antineoliberal e Unidade e Solidariedade.

Resumo histórico

Em julho de 1990, os líderes Lula e Fidel Castro convocaram uma reunião de partidos, movimentos e organizações de esquerda com o objetivo de provocar uma reflexão a respeito dos acontecimentos após a queda do Muro de Berlim, o Consenso de Washington e também para discutir os rumos sob a ótica da esquerda da América Latina e Caribe.

Essa reunião, que ocorreu na capital paulista, deu origem à criação do Foro de São Paulo, mas nessa ocasião não foi denominada assim. O encontro reuniu 48 partidos e organizações representantes de várias experiências e matrizes ideológicas e políticas da região latino-americana e caribenha.

No encontro, foi aprovada a Declaração de São Paulo (link), documento histórico que expressa a vocação, os princípios e objetivos de todos os partidos e movimentos representados no encontro.

O nome Foro de São Paulo só foi consagrado durante o segundo encontro, em 1991, realizado na Cidade do México. Lá começou concretamente a caminhada rumo à “construção de uma articulação latino-americana e caribenha de partidos e movimentos políticos em oposição ao neoliberalismo e ao imperialismo, comprometida com uma proposta de integração regional, a reafirmação da soberania e da autodeterminação de América Latina e Caribe e das nossas nações”, como define a Declaração.

Resistência, ação política e enfrentamento

Ao longo da década de 90, os encontros do FSP consolidaram o desejo de continuidade do diálogo e do intercâmbio entre a diversidade de organizações partidárias e dos movimentos políticos da América Latina e Caribe.

Ao mesmo tempo, essas forças políticas buscaram resistir ao modelo neoliberal e para isso estabeleceram interlocuções importantes junto aos movimentos sociais, sindicais e populares, principalmente nas campanhas empreendidas contra a criação da ALCA (Área de Livre Comércio das Américas).

Neste mesmo período destaca-se o importante papel do Foro de São Paulo na construção e consolidação do Fórum Social Mundial, que até hoje vem sendo realizado através de um rodízio de países de vários continentes.

Assim como é fundamental registrar que, entre o final da década de 90 e meados dos anos 2000, diversas organizações partidárias que compõem o Foro conquistaram pela primeira vez governos nacionais de seus países por meio de uma série de vitórias eleitorais históricas na região.

Esses novos governos de esquerda ou de centro-esquerda, apesar das suas diferenças sociais, econômicas e políticas regionais, implementaram políticas públicas inclusivas que reduziram desigualdades históricas continentais.

Além disso, fortaleceram a política externa e a integração regional que resultaram na construção no fortalecimento do Mercado Comum do Sul (Mercosul), na criação da Alternativa Bolivariana para as Américas (ALBA), da União de Nações Sul-Americanas (UNASUL) e da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC).

A partir de 2015, os partidos e organizações pertencentes ao Foro de São Paulo passaram a enfrentar um novo desafio diante dos fortes ventos da contraofensiva neoliberal em praticamente todo o continente.

Em janeiro de 2017, o Grupo de Trabalho do Foro de São Paulo apresentou ao conjunto dos partidos membros um novo documento, intitulado de Consenso de Nossa América (link) em que se analisava toda a trajetória da organização e lançava novos debates e proposições.

Em julho do mesmo ano, o XXIII Encontro Anual, em Manágua, Nicarágua, tomou o documento como referência para os debates nos partidos e movimentos da região.

No citado documento, os valores e princípios que norteiam a existência do Foro se somaram aos instrumentos políticos da mudança construídos ao longo dos anos pela organização.

Da Redação do PT Nacional, com site do FSP