Desigualdade cresce no Brasil e atinge maior índice em sete anos

Segundo pesquisa FGV, a precarização do mercado de trabalho contribuiu diretamente para o aumento; Bolsonaro quer empregos beirando à informalidade

 

No Brasil de hoje a miséria é cada vez mais explorada. Enquanto os trabalhadores se preocupam em sobreviver, a elite e os bancos se importam apenas com o lucro, criando cada vez mais conflitos sociais e opressão. É neste cenário que o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV) apontou que a desigualdade atingiu o maior patamar em sete anos. Entre as razões esta a precariedade do mercado de trabalho, em que cada vez mais as vagas estão “beirando à informalidade”, como gosta de exaltar Jair Bolsonaro (PSL).

Segundo o Índice de Gini do rendimento domiciliar per capita obtido do trabalho, divulgado pelo Estadão, a desigualdade subiu de 0,6156 no terceiro trimestre de 2018 para 0,6259 no quarto trimestre do ano, o 16º trimestre consecutivo de aumento. O indicador mede a desigualdade em uma escala de 0 a 1 – quanto mais perto do 1, maior é a concentração de renda no país.

No último trimestre de 2018, o Índice de Gini atingiu o maior patamar da série histórica, que teve início em 2012. Neste mesmo ano teve início a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Para o pesquisador do mercado de trabalho no Ibre/FGV Daniel Duque, a piora na desigualdade de renda decorre da dificuldade dos trabalhadores menos qualificados de aumentarem seus rendimentos, além da dinâmica de reajustes do salário mínimo. Bolsonaro, inclusive, contribuiu diretamente para este cenário ao reduzir o aumento do salário mínimo, que já estava aprovado.

Bolsonaro quer mais informalidade
A tendência é do índice crescer ainda mais, já que Jair quer que o mercado de trabalho brasileiro beire à informalidade. O pesquisador do Ibre/FGV revelou que “houve também muita geração de ocupação informal, que tem menores salários”. Duque explicou ainda que a alta no número de desalentados, que são brasileiros que desistiram de buscar uma oportunidade porque acham que não vão encontrar, também contribuiu para o avanço da desigualdade.

O Estadão ouviu ainda o analista em economia Thiago Xavier que lembrou que há uma subutilização da força de trabalho muito alta no Brasil. Segundo ele, é preciso que haja uma reação do mercado do trabalho para reduzir a desigualdade. “Precisa de geração de vagas formais, com salário médio maior, jornadas de trabalho que não fiquem aquém do desejado”.

O problema, no entanto, é que temos um presidente (temos?) que já deixou claro que sua meta para o mercado de trabalho é de cada vez mais vagas precárias e diminuição da renda, seja com a carteira de verde e amarela, ou com uma reforma da previdência que diminuiu o benefício dos trabalhadores.

Nada surpreendente, na verdade, se lembrarmos que Bolsonaro nos dois pronunciamento que fez na posse, no dia 1º de janeiro, não fez nenhuma menção à pobreza e ao papel do governo no combate a desigualdades sociais.

Da Redação de Agência PT de Notícias, com informações do Estadão e da Folha de S.Paulo

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