Foto: PT Nacional
Durante o Seminário de Comunicação do PT no dia de ontem, 13, a mestra em Comunicação Política, Fernanda Srakis e o sociólogo Marcus Nogueira desvendaram as redes de propagação de ódio da extrema direita na palestra “Mapa das Redes – Cartografia de Controvérsia“.
Segundo alertaram, apesar da não reeleição de Bolsonaro, a extrema direita segue extremamente organizada, com financiamento e o pior: usando técnicas aprendidas com a esquerda na formação de redes e comunidades.
As técnicas descritas pelos especialistas remontam à formação das comunidades eclesiais de base, que se foram organizadas com base na Teologia da Libertação, ramo teológico que prosperou na América Latina. E foram uma experiência tão exitosa de luta que culminaram com a criação do maior partido do continente, o PT.
Inteligência na propagação de mentiras
Utilizando a análise de redes e dos discursos, eles conseguiram identificar não só o que é dito, como é dito, mas também a origem do que é dito. Com isso encontraram o que sustenta a ideologia que vem ganhando as mentes de brasileiros e de cidadãos do mundo inteiro: a visão católoca conservadora que busca não só o liberalismo econômico, mas também a retirada de direitos das mulheres e o conservadorimo da Opus Dei.
Conforme apontaram, não é apenas o conteúdo conservador do discurso que ganha as mentes, mas o formato em que ele é “embalado” entregue nas redes: coesão entre os influenciadores, mensagem de fácil interpretação, linguagem simples e objetiva e apelo aos sentimentos pessoais.
Essa estratégia, foi descrita por um dos personagens mais criticados pela extrema direita, o teórico Gramsci. Como o estudioso italiano apontou, além das condições materiais para fazer uma revolução, há também as condições culturais e essas condições culturais são exatamente o que a extrema direita vem trabalhando.
A captura do cristianismo, os filmes de Hollywood e toda a produção cultural dos conservadores vem produzindo uma mudança de “agenda” da sociedade. Em outras palavras, estão mudando a percepção das pessoas sobre o que é uma vida boa e desejável. Por isso é tão comum hoje em dia ver pessoas lutando contra seus próprios direitos, ainda que seja uma contradição.
Eles atuam para mudar a opinião pública e fabricar novos consensos em temas sensíveis como aborto, democracia e armas. “Estamos em um processo mecânico de enquadramento e agendamento da sociedade”, explicou Nogueira. Além de Gramsci, outros autores orientam a ação dos grupos: Walter Lippmann e Hayeck são dois desses expoentes.
Para tanto, a extrema direita se apoia em instituições que há pouco começaram a ser conhecidas no Brasil, as Think Thanks. Elas gerem essa transformação comunicacional dada pela internet e pelas redes sociais e também atuam de maneira incisiva no jornalismo tradicional.
A situação é grave mas tem saída, e, segundo os especialistas a saída é voltar aos territórios e voltar ao formato das comunidades eclesiais de base, que o PT conhece mais do que qualquer segmento da sociedade e vem sendo retomado pelos Comitês Populares de Luta.