Os casos recentes de violência nas escolas do Distrito Federal têm preocupado os professores e funcionários da rede pública de ensino. Nesta quinta-feira (24/3), os educadores estão reunidos em assembleia, organizada pelo Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF), no estacionamento da Funarte para debater sobre a recomposição salarial, mas o tema da agressividade nas salas de aula também está em pauta.
Há 24 anos como educadora na rede pública do DF, a professora Josilene Freitas, 51 anos, conta que está muito preocupada com essa escalada na violência dentro das unidades de ensino. “Eu trabalho hoje com ensino especial e lá é menos violento, mas em outras escolas está muito difícil de trabalhar. Ouço de outros colegas queixas de medo. Os professores não podem falar mais nada que alguns já vêm com violência para cima”, disse a professora.
Josilene também é mãe de uma adolescente de 14 anos que frequenta uma escola pública do Cruzeiro, o que aumenta a preocupação dela. “Minha filha foi este ano para o ensino médio público e, quando eu vi esses casos, fiquei apavorada. Os alunos estão levando facas e armas para dentro de sala. As pessoas estão muito violentas. Está piorando cada dia mais a situação”, ressalta a professora.
Em discursos na assembleia, integrantes do Sinpro-DF avaliam que a violência nas escolas não está ligada à disciplina e à militarização no ensino. Para eles, o que falta na rede pública são profissionais especializados para trabalhar com essas crianças e adolescentes, como psicólogos e assistentes sociais.
Professora no Centro de Ensino Médio 404 (CEM 404), em Santa Maria, há três anos, Katia Martins, 43 anos, concorda com o Sinpro-DF e acredita que a militarização em escolas não é o ponto de partida para reduzir a violência no ambiente de ensino. “Para mim, é muito mais falta de estrutura emocional nesses alunos do que disciplina. Tem a ver com algo que eles estão trazendo de casa”, comentou a professora.
Apesar de estar há apenas três anos no ensino médio, Katia é professora na rede pública há 23 anos e conta nunca ter visto tantos casos de agressão no ensino. “Esses surtos de violência não são somente na escola. Estão ocorrendo na sociedade como um todo e está atingindo os jovens também”, destacou, acrescentando que é uma situação reversível e os professores estão buscando melhorar esse cenário. “Não é fácil, mas a gente está tentando”, garante Katia.