O presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, parece ter aderido ao estilo do governo de mover sua gestão à base de informações falsas. A mais recente mentira distribuída por Guimarães inclui entre o s“mal feitos” dos governos petistas prejuízos de R$ 46 bilhões para a Caixa entre 2009 e 2015. O atual presidente da Caixa, no entanto, não apresentou nenhuma prova, e nem poderia. Durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), o lucro líquido da Caixa foi de R$ 39,7 bilhões – em números corrigidos pelo IPCA-IBGE. Nos anos de mandato de Dilma Rousseff (2011-2016), o montante foi de R$ 51. Na era Bolsonaro (2019-2020), o resultado ´é de R$ 35,18 bilhões.
Ainda sob os governos petistas, a Caixa criou diversas modalidades de crédito popular. Além disso, dobrou o número de empregados e de agências para atender melhor à população. Tudo isso sem vender ativos do banco, respeitando direitos e pagando aumento real aos trabalhadores.
Atualmente, porém, o que ocorre é que o uso pessoal e político da Caixa por Pedro Guimarães está sob investigação do Ministério Público.
Calúnia e difamação
O assunto é grave. A Caixa já havia sido alvo da mesma difamação pela voz do presidente da República. Em maio, em visita a Maceió (AL), Jair Bolsonaro disse, em relação ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que “lá atrás, com aquele ladrão de nove dedos, a Caixa dava prejuízo”. A mentira contada por Bolsonaro e pelo seu presidente da Caixa pode mexer com a saúde financeira de uma instituição fundamental para o Brasil. Tanto que, segundo nota publicada pelo portal Metrópoles, a empresa de auditoria independente contratada pela própria Caixa, a PricewaterhouseCoopers (PwC Brasil), solicitou informações ao banco sobre a afirmação feita por Pedro Guimarães.
“Se a auditoria contratada pela própria Caixa teve de pedir explicações sobre o alegado prejuízo, é porque ela não encontrou algo que sustente as afirmações. E, mais uma vez, vemos que o presidente da Caixa usa a instituição para satisfazer seus desejos de ascensão na carreira política”, afirma a coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa, Fabiana Uehara Proscholdt. Segundo ela, dirigente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), as afirmações de Pedro Guimarães não merecem credibilidade. “Ele está em campanha eleitoral antecipada. Suas afirmações não merecem credibilidade e está em campanha eleitoral, e desse modo ele não pode permanecer na presidência do banco”, avalia.
Viagens e mentiras
A coordenadora da CEE observou que, segundo a nota publicada pelo Metrópoles, a auditoria se baseou em uma afirmação feita durante uma transmissão ao vivo realizada pelo Presidente da República, Jair Bolsonaro, mas que a mesma afirmação foi feita diversas vezes durante eventos da Caixa ocorridos em diversos estados. “O banco criou uma superintendência nacional para cuidar das viagens de Pedro Guimarães. Aliás, nos bastidores, este departamento é chamado de CaixaTur”, disse.
A 10ª Vara Cível de Brasília já determinou que Pedro Guimarães se retratasse judicialmente sobre declarações inverídicas referentes aos lucros do banco. A decisão foi proferida atendendo a uma interpelação proposta pela deputada federal Erika Kokay (PT-DF), que contestou afirmação do presidente da Caixa de que a instituição teve o maior lucro líquido de sua história em 2020, recorde de rentabilidade no ano anterior e, durante o governo petista, entre 2002 e 2010, gerou prejuízos.