O ano de 1968, embora já vivêssemos uma ditadura desde o Golpe de 64, foi de intensa mobilização popular, especialmente (mas não apenas) das e dos estudantes, que iam pra rua protestar contra a falta de vagas e de estruturas de apoio nas universidades e contra o projeto de reforma educacional de influência estadunidense. Numa dessas manifestações, em fins de março, o jovem estudante Edson Luís de Lima Souto foi assassinado pela repressão policial. A partir daí, as manifestações de rua contra a ditadura foram se multiplicando pelo país (a chamada Passeata dos Cem Mil, na capital carioca, marcou época e, não à toa, ilustra o convite). Mas o ano de 68 também tem outra marca: em 13 de dezembro, o ditador Costa e Silva(*) baixou o Ato Institucional n.5, de triste memória. Entre outras medidas repressivas de uma violência inaudita, o “AI-5” suspendeu o direito de habeas corpus e impediu a apreciação judicial de atos do Estado. Disso resultaram inúmeras prisões de opositores sem qualquer amparo legal nem a necessária comunicação da prisão à Justiça, o que levou à multiplicação de espaços (alguns, clandestinos; outros, em unidades policiais e militares) de detenção e tortura, como choques elétricos, afogamentos, espancamentos, estupros e ameaças (e práticas) de violência contra familiares (inclusive crianças).O Presidente Bolsonaro idolatra o coronel torturador Ustra, comandante de um dos mais violentos centros de tortura e morte, o DOI-CODI do Segundo Exército. Os adoradores do Mito pedem a volta do AI-5. Essa turma negacionista nega (em público) os horrores da ditadura, assim como, na maior cara-de-pau, negam a ciência e as medidas de combate à pandemia (vacina, máscara, distanciamento social). Motivos não faltam para o convite ao Ato Fora Bolsonaro, no próximo sábado, 19/6/2021. Ou precisa desenhar? (**)(*) O ditador Costa e Silva é aquele que a extrema-direita recusa a retirada do nome da Ponte, que, entre 2015 e 2017, passou a se chamar Honestino Guimarães, lider estudantil em Brasília, “desaparecido político”, isto é, morto pela ditadura, que teve o cadáver ocultado pelos assassinos.(**) Não esqueça as máscaras (vale levar pelo menos duas e higienizar as mãos antes de trocá-las), evite espaços fechados e mantenha distância.