O professor e sindicalista de 51 anos Pedro Castillo, do Partido Nacional Peru Livre, vence as eleições e se torna o novo presidente do país. Em uma contagem eletrizante, com uma diferença de quase 72.000 votos de vantagem sobre Keiko Fujimori, Castillo se declarou o vencedor ainda na noite desta terça-feira (8), com base na apuração paralela de seus fiscais.
De acordo com a contagem oficial, às 12h desta quarta-feira, horário de Brasília, com 99.8% dos votos apurados, Castillo tem 50,2%, enquanto Fujimori ficou com 49.79%.
“Vantagem irreversível”
O professor rural se dirigiu, na noite de terça-feira, a seus seguidores que permanecem desde o começo da apuração concentrados em frente à sede do partido, em Lima, para anunciar que sua atual liderança sobre Keiko Fujimori é irreversível. “O povo falou”, disse o ativista de esquerda, tirando o chapéu e abrindo os braços em sinal de vitória.
“De acordo com o relatório de nossos representantes, já temos a apuração oficial do partido, onde o povo se impôs a esta façanha, a qual saudamos. Por isso, peço também que não caiam na provocação”, disse no início da sua fala.
Fujimori, por sua vez, deverá lançar uma estratégia para anular votos do Castillo. Além de contar as atas impugnadas, ela agora quer impugnar outras.
Durante todo o depoimento de Castillo, um grande buzinaço tomou conta das ruas. O novo presidente qualifica como “provocação” as insinuações de sua rival, que na segunda-feira convocou uma entrevista coletiva para denunciar que o partido do professor estava manipulando atas, o que punha em dúvida a lisura das eleições. Fujimori não apresentou provas da suposta fraude.
A atitude de Fujimori parece ter virado hábito. Há cinco anos, quando perdeu outra eleição, contra o economista Pedro Pablo Kuczynski, fez a mesma denúncia. Observadores internacionais felicitaram o organismo eleitoral pela organização do pleito.
Quem é Castillo?
Professor na província de Cajamarca, Castillo ganhou projeção nacional quando liderou a greve nacional de docentes de 2017, que paralisou as aulas por três semanas exigindo melhores condições para profissionais de educação. Não é à toa que seu slogan eleitoral é “Palavra de Mestre” e seu símbolo é um lápis gigante.
Terceiro de nove irmãos, desde cedo conheceu a desigualdade no país andino. Começou seus estudos na Escola Rural N° 10465 e depois foi para uma unidade educacional localizada a duas horas de distância, que percorria a pé. Na juventude, trabalhou pela proteção de seu povo. Castillo foi parte dos grupos “ronderos” nos anos 70, que protegiam os campesinos e agricultores sem assistência do Estado no interior do país. Os ronderos também atuaram para resguardar os povos diante da escalada de violência promovida pelo Sendero Luminoso e pelas Forças Armadas nos anos 80-2000.
Com informações do El País