Em 2021, 8.245 empresas fecharam no DF por causa da pandemia

Por outro lado, 62.064 novas empresas foram registradas em Brasilia. Especialistas dizem que, com o desemprego, mais pessoas tiveram que se reinventar e buscar novas fontes de renda para sobreviver.

Quem tem comércio sabe o quanto tem sido difícil sobreviver em meio à crise econômica gerada pela pandemia da Covid-19. Foi em meio a esse turbilhão, que muitas empresas da capital federal tiveram de fechar as portas.

Segundo dados da Junta Comercial, Industrial e Serviços do Distrito Federal (Jucis-DF), 20.063 empresas encerraram as atividades em 2020. Em contrapartida, 62.064 foram registradas.

Em 2021, 8.245 foram extintas. Outras 23.713 foram abertas até maio.

Isso significa que, a cada empresa fechada, praticamente três outras abriram. Mas, na visão de especialistas, isso não representa melhora do cenário e sim que as pessoas tiveram que se reinventar e buscar novas fontes de renda para sobreviver por causa do desemprego (veja mais abaixo).

Setores como o de alimentos para ser entregues em casa, no chamado “delivery”, assim como vestuário e acessórios tiveram maior crescimento. Já as baixas ocorreram principalmente no comércio de roupas e restaurantes.

Restaurantes

Enquanto vários restaurantes fecharam as portas, o chef Marcello Lopes resolveu abrir um de massas e pizzas. O estabelecimento está funcionando desde o último dia 21, depois de passar vários meses em reforma. No local havia um restaurante que fechou por causa da pandemia.

“Eles tinham oito anos de funcionamento e estavam consolidados, mas não conseguiram segurar os meses de pandemia e acabaram falindo. A gente foi na imobiliária para ter desconto nos aluguéis e vimos na pandemia uma oportunidade de baratear a obra”, conta Marcello.

Ciente da responsabilidade, o chef afirma que o restaurante de comida italiana segue todos os protocolos de segurança contra a Covid-19. “Fizemos toda mudança de layout, respeitando as regras de distanciamento, temos álcool em gel nas mesas e estamos sempre higienizando o cardápio na frente do cliente para ele se sentir seguro”.

O carro chefe do restaurante é uma pizza de frango, espinafre, queijo brie e molho de abacate com limão siciliano. Foi com essa receita que Marcello ganhou um campeonato mundial em 2007, em Adelaide, na Austrália.

“O empresário que não é confiante, que não acredita em um futuro melhor, não pode abrir um negócio. A gente acredita em um cenário de melhora daqui pra frente. Não acredito que vamos passar tempos piores dos que já passamos”, diz Marcello.

Novas fontes de renda

Para o advogado especialista em reestruturação empresarial, Filipe Denki, a abertura de novas empresas não significa uma melhora na economia, mas uma migração ou busca de novas fontes de renda diante do cenário de desemprego atual. Com a pandemia, o Brasil atingiu o recorde de 14,8 milhões de brasileiros desempregados no primeiro trimestre deste ano.

“Acredito que o aumento na quantidade de empresas novas está relacionado às pessoas que tiveram que se reinventar. Muitas perderam seus empregos e estão abrindo empreendimentos para vender pela internet”, diz Denki.

Para Juliana Guimarães, especialista em concepção e gestão de negócios, o aumento de criação de empresas não foi apenas causado pela crise sanitária, mas acelerado por causa de outros processos, como a simplificação para abertura de empresas.

“Isso também tem impulsionado, pela ressignificação dos conceitos de emprego e trabalho, como a gente conhecia. Em um cenário, a gente aprendendo a trabalhar em rede, às vezes com outro país e outra cultura, também abre espaço para prestação de serviços e para a regulação dessas empresas”, acredita Juliana.

Fonte: G1 DF

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