Audiência debate efeitos da pandemia de Covid-19 sobre os trabalhadores brasileiros

A Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara Federal promoveu, na quinta-feira (27), audiência pública para discutir os efeitos da pandemia de Covid -19 sobre os trabalhadores brasileiros. O objetivo foi analisar as consequências da crise na vida das pessoas, como o desemprego, o aumento da informalidade, a precarização, a necessidade de medidas de segurança, a adaptação a novas tecnologias e a sobrecarga de trabalho.

A deputada federal Erika Kokay (PT-DF), membro da comissão, lembrou que mais de dezenove milhões de brasileiros estão vivendo em situação de fome e mais de cem milhões estão em situação de insegurança alimentar. Além disso, o país vive um índice de desemprego recorde, atingindo 14,8 milhões de pessoas no Brasil. “Diziam que esse desemprego ia ser mitigado com a reforma trabalhista, com a terceirização, com a reforma da previdência e com teto dos gastos, mas não estamos vendo isso”, afirmou.

Segundo a parlamentar, é preciso criar uma subcomissão para fazer um recorte do impacto da pandemia “que agudiza em grande medida problemas já pré-existentes”. “Os problemas do Brasil perpassam por um processo de desigualdade muito marcado pela edição e reedições e ressignificações das casas grandes e senzalas. Portanto, é fundamental que possamos ter esse recorte para ter o olhar de quem o governo quer que seja invisibilizado, porque estamos vivenciando um desgoverno para o conjunto da população brasileira”, criticou.

Para a deputada, esse desgoverno eleva em grande medida o sentimento de insegurança e de angústia dos cidadãos diante das crises que foram formadas – sanitária, social, econômica, ética e institucional. “A pandemia nos mostrou, inclusive, que a desigualdade social é uma comorbidade. Então, é um feixe de sofrimentos: de perder o emprego, de não acreditar no dia de amanhã, de ter a morte escondida nas dobras desse próprio país”.

Erika destacou que parte dos trabalhadores precisam exercer sua função presencialmente, colocando-se em risco, enquanto outros estão em home office, extrapolando as suas jornadas. “O Brasil vivencia um caos construído de uma forma dolosa, intencional, por quem está na Presidência da República com uma necropolítica que é sempre mais intensa para determinados cortes”, disse.

“Eu termino com a música de Belchior que diz: ‘no ano passado a gente morreu, esse ano a gente não morre mais’. Retirem o joelho do autoritarismo, da necropolítica e da ausência de empatia que está na garganta desse país, porque, lembrando George Floyd, nós queremos respirar.”

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