Medidas propostas pelo governo aumentam o peso sobre a população mais vulnerável, atingindo sobretudo mulheres. Repressão policial só aumenta
Há quinze dias, a Colômbia vive uma onda de protestos contra o governo, que já soma 17 mortos pela repressão. O motivo das manifestações é a reforma tributária do presidente Ivan Duque. Em meio à pandemia, Duque quer aumentar em 70% o peso dos impostos sobre os mais pobres, enquanto o país vive a maior crise econômica da década. Nesta semana, os indígenas se somaram aos protestos nas grandes cidades. O governo aumentou a violência e nove indígenas foram baleados.
Nesse contexto, as mulheres enfrentam não apenas a violência policial que todos os manifestantes estão expostos, mas são ameaçadas constantemente com a violação sobre seus corpos.
“A força pública está disparando contra civis em diferentes cidades da Colômbia para reprimir os protestos legítimos da Greve Nacional. A força pública também ameaça estuprar as mulheres que encontram. A situação na Colômbia é muito grave”, relata o grupo feminista Viejas Verdes para a revista Marie Claire.
Segundo o Comando Unitário Nacional, que reúne as maiores centrais sindicais do país, pelo menos 3 milhões de trabalhadores seriam imediatamente afetados porque passariam a declarar imposto de renda. Dentre essa população, estão as colombianas que chefiam famílias e estão entre a maioria mais vulnerável da população da Colômbia. Além da crise econômica, as colombianas enfrentam uma realidade alarmante: a taxa de feminicídio no país triplicou de 2016 para 2019, segundo estudos mais atualizados do Observatório da Igualdade de Gênero da América Latina e do Caribe.
“Seguimos resistindo, incialmente contra a reforma tributária do governo Duque, mas contra a repressão, a brutalidade policial e todos os abusos. Feministas contra a violência machista, contra o ESMAD [Esquadrão Móvel de Combate a Distúrbios ou o Escuadrón Móvil Antidisturbios em espanhol é uma unidade de controle de motim da Polícia Nacional da Colômbia] e contra as reformas patriarcais”, diz a cofundadora do grupo Viejas Verdes, Ita Mari.
Colômbia está em ebulição social há quinze dias
No último final de semana, diversas cidades do mundo foram palco neste final de semana de manifestações em apoio aos protestos na Colômbia, que rechaçam o governo neoliberal do presidente Iván Duque e pedem o fim da violência policial. Protestos foram registrados na França, Espanha, Estados Unidos, Bélgica, Suíça, Austrália, Argentina e México.
No Brasil, o Partido dos Trabalhadores participou de atos de apoio em diversas capitais. A secretária nacional de mulheres do PT, Anne Moura, reforçou a importância da união das mulheres no enfrentamento contra a violência e o patriarcado, principalmente em tempos de pandemia.
“Estamos ao lado das colombianas em defesa da vida e de uma sociedade mais justa. Assim como elas, enfrentamos um governo que reprime o povo e joga sobre as costas das trabalhadoras o custo da crise econômica. Não passarão”, diz Anne.
A presidenta do PT, Gleisi Hoffman, também expressou solidariedade e se colocou ao lado do povo colombiano.
“Toda força e solidariedade ao povo da Colômbia que luta contra projeto impopular de reforma tributária do presidente Iván Duque que, além de punir a classe média, é descabida em meio a crise da pandemia no país. É mais um governo de direita atuando contra o povo!” Gleisi Hoffman, presidenta nacional do PT.
A Secretaria Nacional de Juventude do PT (JPT), União da Juventude Comunista (UJC), União da Juventude Socialista (UJS), mais os movimentos Levante Popular da Juventude, Afronte!, Juventude Anticapitalista (RUA), Juventude da Revolução Socialista (REBELDIA) e Movimento Juntos! enviaram uma Carta de Solidariedade à juventude da Colômbia.
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