Bolsonaro está colocando em risco o futuro da Amazônia e do comércio brasileiro com outros países. Com o aval dado ao desmatamento, em seis meses, a floresta já perdeu 2.273,6 km², o equivalente a 318 mil campos de futebol. Os números devem aumentar ainda mais nos próximos meses, quando o bioma entra em seu período seco, o que tende a intensificar a atividade das madeireiras, segundo especialistas ouvidos por O Globo.
O papel de Bolsonaro no desastre é inegável. Ele desautoriza publicamente agentes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), responsáveis por fiscalizar e punir responsáveis pelo desmatamento ilegal. O órgão também tem sido desmontado pelo Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que é condenado por improbidade administrativa em questão ambiental.
O resultado disso é que, em junho, o desmatamento aumentou 60% com relação ao mesmo período do ano passado. No mês, a floresta perdeu o equivalente a mais de 100 mil campos de futebol. Os números são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que tem sido atacado por Ricardo Salles ao mostrar o aumento da destruição na floresta.
Entre abril e maio, o desflorestamento já havia aumentado de 247,2 km² para 735,8 km², um salto de 197,5%.
Em entrevista ao jornal O Globo, Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima, ressalta que o desmatamento tem sido favorecido pelo discurso do governo. “Se você diz que vai tirar o governo das costas de quem quer produzir, estamos, na verdade, tirando o governo das costas de quem está cometendo crimes ambientais”.
“Fracasso” ambiental prejudica economia
A postura do governo foi denunciada por líderes internacionais no Japão durante a reunião do G20 realizada entre sexta-feira (28) e sábado (29). Bolsonaro chegou à cúpula que reúne as 20 maiores economias do mundo com a alcunha de “fracasso” na pauta ambiental.
O problema é uma preocupação até para o setor agrícola nacional. Isso porque o mercado internacional está cada vez mais preocupado com a sustentabilidade. Nesse contexto, a imagem de destruição da Amazônia prejudica as relações comerciais e a exportação dos produtos brasileiros.
Até o acordo entre o Mercosul e a União Europeia assinado na sexta-feira após 20 anos de negociações está ameaçado. O texto precisa ser protocolado por cada um dos países que compõem os blocos, mas a França, que participa da UE, não garante que vai ratificar a proposta. O país afirma que sua aceitação está condicionada à aplicação dos compromissos do Brasil com a pauta ambiental, em especial a luta contra o desmatamento da floresta amazônica.
Da Redação da Agência PT de Notícias com informações de O Globo
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