O anúncio do corte orçamentário das universidades públicas e dos institutos federais tem gerado grandes mobilizações e atos contra o governo Bolsonaro em todo o país. Na capital federal, a última ação nesse sentido aconteceu nesta terça (7), na Biblioteca Pública da Universidade de Brasília (UnB). O ato, intitulado “Abrace a UnB”, contou com a intensa participação estudantil, popular e parlamentar.
Nem mesmo o sol escaldante do meio-dia foi capaz de dispersar as centenas de pessoas que ocuparam o espaço em defesa de uma educação pública e de qualidade. Com faixas, cartazes, e explanações, o grupo expressou sua indignação com a política de sucateamento das instituições proposta pelo presidente Bolsonaro (PSL). “Não vai ter corte. Vai ter luta”, bradavam.
Em seguida, todos, de mãos dadas, formaram um círculo em torno da biblioteca, dando um grande abraço simbólico na universidade. “Esse é um abraço na educação, objeto de ódio e desconstrução desse governo. Uma ação poucas vezes vista no país. Vivemos um momento de esfacelamento de tudo aquilo que construímos com muita luta. Por isso, devemos resistir”, destacou a deputada federal Gleisi Hoffman (PT-PR).
Para o estudante da UnB e integrante do Movimento Popular da Juventude em Disparada, Evaldo Ribeiro, o governo Bolsonaro tem um projeto retrogrado para a educação. “Além de desconstruir a educação pública, é parte do projeto dele destruir nossas ferramentas de resistência”, disse, se referindo às universidades.
Isso por que, segundo Ribeiro, assim como ocorreu no período da ditadura militar, as universidades, em especial a UnB, tornaram-se um berço resistência a qualquer retrocesso. “Balbúrdia é o governo Bolsonaro e o corte nas verbas da educação. Eles se incomodam com a diversidade nas universidades e querem as intuições públicas sejam ocupadas apenas pela elite. Iremos resistir”, afirmou.
Corte orçamentário chega a 40%
Apesar de o Ministério da Educação (MEC) ter afirmado que o corte nos orçamentos seria de 30% e apenas para o segundo semestre, técnicos apontam que a UnB já sentiu o impacto e o golpe chegou a 40%, representando um total de R$ 48,6 milhões. A princípio, apenas três instituições seriam prejudicadas. Em seguida, a medida foi estendida a todas as universidades e institutos federais.
Reunião com reitora
Após a ação na Biblioteca, o grupo marchou rumo à reitoria da UnB para reunião com a reitora, Márcia Abrahão. No encontro, foram discutidos a situação da Unb e os próximos passos de resistência.
“Como ex-aluna, fico orgulhosa em ver que a UnB está unida em prol da sua sobrevivência. É um momento complicado, mas precisamos ter a capacidade de superação, pois temos um compromisso com a nossa história. Passamos por momentos difíceis nos últimos anos, mas é importante que tenhamos em mente que a UnB e o povo são maiores que qualquer situação momentânea”, afirmou Márcia.
A deputada federal Margarida Salomão (PT-MG), que também é presidenta da Frente Parlamentar em defesa das Universidades Federais na Câmara, destacou que a resistência ocorre também no Congresso Nacional.
De acordo com Margarida, os parlamentares que integram a Frente têm se articulado para impedir o sucateamento da educação. Uma das ações para tentar reverter a situação é a obstrução geral das votações na Casa, enquanto a situação não for revista. Além disso, o grupo dará sequência às iniciativas legislativas que impedem o retrocesso na educação. Uma delas é o Projeto de Lei da Câmara Complementar (PLP 8/2019), que determina que o orçamento destinado às universidades e institutos federais não seja objeto de limitação de empenho e movimentação financeira.
“Enquanto isso, atos como esses, com representação parlamentar e social, acontecerão por todo o país. Promoveremos grande caravana em defesa da educação pública”, garantiu.
Fonte: CUT Brasília
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