Antes de ser eleito, o peemedebista afirmou que, com ele no cargo, a base aliada ao governo teria dificuldades para votar temas como a criminalização da homofobia e a regulação da mídia. Integrante da bancada evangélica, Cunha também já se posicionou contrário à legalização da maconha e à alteração da legislação sobre o aborto.
“O presidente jamais poderia dizer o que ele vai colocar ou não em pauta. Nem que não colocará a criminalização da homofobia em discussão porque ele não tem poderes para isso”, disse Kokay.
“A presidência da Câmara não é um instrumento de defesa de interesses partidários ou de visões pessoais. Aqui representamos o conjunto dos interesses da sociedade, que devem ser respeitados”, completou.
Para a parlamentar, se o presidente mantiver essa postura, não é apenas a discussão no movimento LGBT que será prejudicada, mas a democracia. “Ele diz que vai respeitar a maioria, e ela deve ser respeitada, mas a democracia também pressupõe o respeito dos espaços da minoria”.
De acordo com a deputada, temas como a criminalização da homofobia e o casamento civil igualitário estão maduros para serem apreciados pelo Estado, já que são frutos de uma construção da própria sociedade. “Ele não pode negar a apreciação desses assuntos. E isso indica o nível de dificuldade que vamos ter e uma tentativa de mergulhar o poder legislativo num retrocesso à própria construção da Constituição Brasileira”.
Samanda de Freitas, coordenadora de Promoção dos Direitos LGBT, da Secretaria de Direitos Humanos, lamenta a posição de Cunha. “Isso é muito ruim. Nós sabemos do poder do presidente da Casa e, como não apoia, poderá dificultar. Mas existe um Regimento Interno da Câmara e deverá ser respeitado. Caso contrário, vamos nos posicionar”, prometeu.
O deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) também criticou a eleição de Cunha. “Tempo ruim virá pra todos nós – progressistas, minorias e pobres em geral – se algum vento não dissipar as nuvens de chumbo!”, avaliou em seu perfil no Facebook.
Por Aline Baeza, da Agência PT de Notícias.