Witzel diz que Bolsonaro é responsável pelas mortes na pandemia: ‘Deixou a gente à mercê da desgraça’

Ex-governador do Rio de Janeiro afirmou na CPI da Covid que presidente Bolsonaro politizou a pandemia e boicotou estados no combate ao vírus

O ex-governador do Rio de janeiro Wilson Witzel afirmou à CPI da Covid, nesta quarta-feira (16), que o presidente Jair Bolsonaro é o maior responsável pelas quase 500 mil mortes de covid-19 no país. Em seu depoimento inicial, Witzel disse que Bolsonaro politizou a pandemia, não auxiliou os estados em medidas restritivas e boicotou diálogos.

De acordo com Wilson Witzel, os governadores pediram a realização de reuniões com o presidente da República, mas não era atendidos. “É preciso mostrar essas cartas, onde suplicamos por conversas com ele para encontrarmos solução em conjunto. Os governadores e prefeitos ficaram totalmente desamparados do apoio do governo federal. Isso é uma realidade inequívoca e documentada em várias cartas”, afirmou aos senadores.

O ex-governador do Rio de Janeiro disse ainda que Bolsonaro “politizou a pandemia” e atacou governadores da oposição. “Se o Brasil não tivesse sido negacionista, se o presidente da República permitisse a negociação de respiradores e insumos com outros países, não teríamos ficado à mercê das alternâncias dos preços dos mercados internacionais.”

Segundo o Witzel, o governo Bolsonaro joga a culpa nos governos estaduais para se livrar das consequências da omissão no combate à pandemia. “Os estados tomaram as medidas de isolamento social, que têm consequências econômicas. Isso fragiliza os estados. Como você tem um país que o presidente não dialoga com governador de estado? Ele deixou a gente à mercê da desgraça que viria. O responsável pelos quase 500 mil mortos tem nome, endereço e precisa ser julgado”, criticou.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) foi quem solicitou a presença do ex-governador. Ele apresentou como motivo para a convocação de Witzel à CPI da Covid uma série de denúncias de que o ex-governador se beneficiou de um esquema de corrupção no início da pandemia. O requerimento do senador cita dados do Ministério Público Federal (MPF) para indicar que Witzel recebia um percentual das propinas que eram pagas dentro da Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro. Em setembro do ano passado, Witzel sofreu impeachment, com a Assembleia Legislativa do Estado registrando 69 votos a favor do afastamento e nenhum contrário.

Quebras de sigilo

Antes de começar a oitiva, a CPI da Covid votou novos requerimentos. Os senadores aprovaram a quebra dos sigilos telefônico, telemático, fiscal e bancário dos empresários Carlos Wizard, Francisco Emerson Maximiano, Renato Spallici, Renata Spallici e José Alves Filho.

Renato e Renata Spallici são, respectivamente, presidente e diretora da empresa Aspen Farmacêutica. O laboratório produz cloroquina, remédio comprovadamente ineficaz para a Covid. Francisco Maximiano é sócio da Precisa Medicamentos, representante brasileira do laboratório indiano Bharat Biotech, que desenvolveu a vacina Covaxin, encomendada pelo governo Jair Bolsonaro em março e aprovada com restrições pela Anvisa no início do mês.

José Alves Filho é sócio-administrador do laboratório Vitamedic, em Anápolis (GO), que em abril foi proibido pela Anvisa de fabricar, distribuir e vender vários medicamentos comprovadamente ineficazes no tratamento da covid-19.

Fonte: RBA

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