O mês de junho tem seu primeiro dia para comemorar o Dia da Imprensa. Porém, depois de um governo autoritário e difícil aos profissionais de imprensa, é preciso lembrar que a vida dos que trabalham com comunicação não tem sido fácil.
Segundo dados da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), a imprensa, de uma maneira geral, sofreu algum tipo de ataque a cada dois dias em 2022. Só no ano passado foram dois assassinatos de jornalistas e 137 casos de violência não letal, que envolveram pelo menos 212 profissionais e veículos de comunicação.
Em relação a 2021, o levantamento aponta que houve uma redução de 5,52% no número de casos não letais e de 7,83% no número de vítimas.
“Não há motivos para comemorar. Enquanto um jornalista estiver na mira de quem tenta calar ou atrapalhar o trabalho da imprensa, a liberdade de expressão não será exercida em sua plenitude”, afirmou o presidente da Abert, Flavio Lara Resende.
Em 2022, as agressões físicas estiveram no topo da lista de violações ao trabalho jornalístico. Foram 47 casos contra os 34 do ano anterior, um aumento significativo de 38,24%. O número de vítimas também subiu de 61 para 74, um aumento de 21,31%. Entre as violências não letais com diminuição em registros estão atentados (-75%), ofensas (-47,17%), injúrias (-50%) e intimidações (-3,85%). O único tópico que se manteve estável, em 2022, foi o de roubos e furtos, com o mesmo número de 2021.
E o Brasil continua nas listas mundiais de nações perigosas para o exercício do jornalismo. De acordo com dados da organização internacional Repórteres sem Fronteiras (RSF), no período de 2003 a 2022, 42 jornalistas perderam a vida no Brasil. Na maioria dos casos, a motivação dos assassinatos estava diretamente relacionada a denúncias e investigações de crime organizado e corrupção.
Para o secretário de comunicação do PT-DF, Jorge Streit, respeitar o trabalho da imprensa é fortalecer a democracia.
“Passamos por muitos perigos para a liberdade de imprensa recentemente com o governo Bolsonaro. Foram diversas ameaças aos jornalistas e aos demais profissionais de imprensa, foram muitas violências sofridas e tivemos que lutar contra isso .Estamos agora em um governo democrático que respeita o papel e o trabalho da imprensa e que reconhece que a imprensa é importante para o fortalecimento da democracia. Contudo, ainda temos que ficar vigilantes, pois as forças do governo anterior ainda insistem em calar a imprensa”, ressaltou.
Os ataques à imprensa não estão esquecidos nem pelos profissionais e veículos de comunicação e nem pelo Judiciário. No último dia 25 de maio, o ex-presidente Jair Bolsonaro foi condenado em segunda instância por dano moral coletivo à categoria dos jornalistas, pela Justiça paulista. A indenização é de R$ 50 mil, a serem revertidos para o Fundo Estadual de Defesa dos Direitos Difusos. A decisão é decorrente de uma ação ajuizada pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo ainda em abril de 2021.
Dia da Imprensa
Em 1º de junho de 1808, começou a circular no Brasil a primeira publicação do periódico Correio Braziliense, também chamado de Armazém Literário. Ele foi criado pelo jornalista Hipólito José da Costa. Apesar de ser impresso mensalmente em Londres, não em solo brasileiro, foi o primeiro jornal a exercer, de fato, uma atividade jornalística e formar opinião pública no Brasil. Por isso, comemora-se nesse dia, desde 1999, o Dia Nacional da Imprensa.