*Por Leopoldo Vieira
O movimento pela redução dos juros, liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ganhará um capítulo decisivo com o encaminhamento do projeto de arcabouço fiscal ao Congresso, quando setores reacionários da centro-direita e do mercado financeiro tendem a intensificar a pressão por um ajuste ainda mais rigoroso, o que exige a retomada da iniciativa dos Comitês Populares de Luta. Como ensinou Carlos Marighella, a ação faz a vanguarda.
Embora tenha havido recepção favorável até em franjas de empresários, banqueiros, investidores e referências do centro democrático-liberal, o Banco Central autônomo segue resistente a convergir com o esforço pela inclusão dos pobres no Orçamento e com a volta de um ciclo de prosperidade – como a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, tem denunciado. Uma demonstração nítida de que, antes da técnica, vem a ideologia. Afinal, o que é uma inflação de 4% a 6% perto da fila do osso e da crise do crédito legadas pelo Fuhrer de Sucupira?
No entanto, há apoio social para enfrentar a batalha, pois, segundo a pesquisa Datafolha sobre os 100 dias de governo, 81% da população concordam que o presidente Lula age bem ao pressionar o Banco Central pela queda da taxa Selic. Ante a afirmação de que só existe um caminho para os juros caírem, quer dizer, a conta do expansionismo fiscal para a compra de votos pesar sobre as costas cansadas de sofrimento do povo, opomos a realização do programa vitorioso nas urnas e o aprofundamento da desnazificação do Brasil por meio da satisfação das necessidades imediatas da classe trabalhadora.
Este será o primeiro grande teste para os Comitês Populares de Luta, depois da contribuição fundamental que tiveram para eleger Lula presidente, dizendo “tirem as patas do crescimento do País!”. É importante lembrar que esse contraponto ao achaque, assédio e abuso dos “de cima” sobre o governo e a sociedade foi um dos propósitos da iniciativa de constituir esses organismos de base.
Por isso, mais uma vez Brasília pode ganhar destaque como palco das grandes lutas políticas nacionais, já que o apoio à organização dos Comitês, sob a condução do PT-DF, é um caso de sucesso. Neste sentido, é imprescindível retomar a agitação, propaganda, debates e campanhas de esclarecimento à população, nas ruas e redes, em torno dos benefícios que a queda dos juros trará para a geração de emprego, renda, impulsionamento do bem-estar social e reconstrução do Brasil. Sobretudo da classe média e das camadas de baixa renda, nestas 13 semanas de ativismo partidário. Do contrário, o País ficará à mercê apenas das negociações parlamentares e convescotes entre entidades de grupos de interesse.
A mobilização dos Comitês Populares de Luta não precisa se limitar ao universo de esquerda, sendo relevante expandir o diálogo com personalidades e movimentos da frente ampla democrática que concordam com o presidente Lula e a presidenta Gleisi Hoffmann: é hora de baixar os juros.
Leopoldo Vieira, Jornalista, foi coordenador do Monitoramento Participativo do PPA Federal 2012-2015