A Secretaria de Formação Política do PT/DF começou 2023 buscando alertar os militantes sobre a tarefa que têm com o Brasil e com a democracia. Para tanto, convidou José Genoíno, ex-presidente do PT, ex- deputado e militante incansável, para uma aula inaugural que aconteceu na noite da última sexta-feira (27).
Nela, Genoíno falou sobre a necessidade do PT e da sua militância se manterem unidos e trabalhando para compreender o momento pelo qual o Brasil vive e disputar os corações e mentes coopatdos pela extrema direita e pelo fascismo. “Dominar corações e mentes é um grande desafios, o próprio capitalismo entrou nessa parada para ganhar a sociedade, e aí que veio a extrema dreita. Para enfrentar essa batalha temos que ter uma compreensão aguçada dessa época história que vivemos”, explicou.
“Precisamos ler além das frases curtas, precisamos entender, polemizar e atuar”
Além de compreender a conjuntura, Genoíno também afirmou que é necessário compreender quem a militânca petista é. “Somos filhos de uma crise sistêmica que não imaginávamos que aconteceria. Os governos Lula e Dilma colocoram o povo o orçamento, mas não fizeram mudanças estruturais”. E isso, é o que ocasionou a ruptura da população que se beneficiou com os programas dos governos do PT com o partido nas últimas eleições, na opinião dele.
E essa entrada dos capitalistas na conquista dos corações e mentes foi fruto da melhoria de vida que o PT promoveu para a população e pela construção de um líder que carrega as multidões, o Lula. Esse combate pelas ideias da população, é travado cotidianamente, como ele próprio exemplificou: “O dia 1º foi o Brasil que queremos, das mulheres, indígenas, intelectualidade, nova classe trabalhadora. Aquele povo que subiu com o Lula foi um trem de esperança. Já o Brasil do dia 8 de janeiro foi cultivado nos laboratórios de pensamento de uma classe dominante que não tem escrúpulos”.
“Quem deu o golpe contra Lula e Dilma não levou, quem faturou foi a extrema direita”
Genoíno relembra que o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff foi o estopim para o crescimento da extrema-direita identificada com o fascismo. A criminalização da política levou a sociedade a buscar um outsider – alguém de fora – ainda que Bolsonaro estivesse no Congresso como deputado há quase 30 anos na época. Ou seja, o povo acreditou em uma narrativa falsa, que atendia aos anseios de uma elite que queria refrear o investimento do governo nos pobres. Como consequência, o ex-presidente do PT afirmou: “Essa crise produziu o medo do futuro, e quando a política tem o medo do futuro ela perde a razão de ser”.
O que se viu no governo encerrado em 2022 foi uma reeedição de um passado que se reprete no Brasil: “A violência, a dominação que se construiu nesse país, o resgate do escravismo, patricaliamo, misturado como militarismo, esse processo constriu pelo menos em três golpes, Getulio, Jango e Dilma, um golpe pela questão social”, afirmou.
O resultado se vê na crise dos Yanomamis e mais: “Esse período político de uma crise sistêmica, que mexe com as entranhas do capitalismo, mexe com trabalho, coma natureza, a saúde, com a fome, com emprego, e no cenário internacional. Ela colocou um dilema pra nos e estamos nessa encruzilhada”.
“Nós temos um país que vive permanente um duelo, o mesmo que aconteceu no dia 1 e no dia 8 de janeiro. Mas também, na campanha das diretas, na discussão do novo modelo de educação, na criação do SUS. Esse processo de guerra está a formação histórica desses país”, finalizou.
O que fazer?
“O PT é herdeiro e protagonista e não tem meio termo. Tem horas que a crise bota o fio da navalha agente caminhar”, afirmou o ex-presidente do PT. Que do mesmo modo prossegiu dizendo que apesar do governo de Lula não ter sequer um mês completo, “parece que governamos um ano”.
E esa sensação é fruto do imenso trabalho de impedir o prosseguimento de crimes contra o Brasil e os brasileiros e para recontruir o que ficou: “A nossa vitória foi grande não pelo número de votos, mas por barrar a barbárie”.
“Vivemos uma emergencia social, diferente de 2003, da Constituinte. Hoje temos 33 milhões de pessoas passando fome e 105 milhões em insegurança alimentar. O país está dilacerado”, retratou. “O Brasil respirou, saiu do medo. As pessoas puderam se abraçar”. Mas, enfatiza Genoíno, “A responsabilidade diante dessa vitoria é combinar questões contraditórias. Viveremos o conflito de reconstruir e transformar”.
Uma transformação que precisa ser feita de modo bastante acertado, “Ela não é pra remendar, colocar esparadrapo nas feridas, é pra fazer cirurgia”. E, o papel do PT é muito importante nesse momento: “O PT teve que fazer uma aliança muito ampla, que produziu uma contradição dentro dela: vai ter os que tentam segurar, e os que tentam avançar. Estamos dentro da frente e vamos ter que nos organizar como polo a esquerda pra ter lealdade ao Lula. Tem que ser radical e companheira, é alertar, acompanhar e até criticar”.
“Quando você chega ao governo e não muda certas estruturas ou elas te cooptam ou te derrubam”
“Temos uma janela de oportunidade porque os caras foram com tanta sede ao pote que derrubaram tudo”, analisou Genoíno, que ao mesmo tempo dá a receita: “Precisamos juntar ruas e instituições. Ou a sociedade se envolve organizadamente nesse processo, ou não vamos conseguir atender as demandas da população”.
“O Brasil está passando por um processo de purgação, tudo está escancarado sem cerimônia, isso facilita para construir uma militância esclarecida e consciente, que tem causas e se une. Essa militância tem que trazer pra dentro do PT os valores que ela prega fora”, prossegue.
Apesar da frente ampla não ser a ideal na visão dele, Genoíno prega uma frente de esquerda, “Sou favorável a criação de um polo a esquerda dentro da frente ampla. Primeiro eu sou favorável ao governo Lula porque é a melhor possibilidade histórica que nos temos”. E finaliza: “O PT e a esquerda estão proibidos de frustrar o povo. As consequências de uma decpção serão dramáticas, e elas podem voltar com mais força”.