Como prometido por Lula, a era do diálogo voltou. Na manhã de ontem, 18, o presidente se encontrou com representantes dos trabalhadores e trabalhadoras do Brasil. A reunião com as centrais sindicais foi realizada no Palácio do Planalto e contou com a presença de diversos representantes das entidades, mostrando que apesar da tentativa de golpe, o presidente segue trabalhando.
“Vamos voltar a dialogar com todos para pensar as transformações no mundo do trabalho e uma vida melhor para o povo”, afirmou o presidente em sua conta de Twitter.
Na pauta, estiveram presentes reivindicações importantes do movimento sindical, como a reforma trabalhista e o reajuste do salário mínimo, além de outros temas ligados à Economia. Porém, um dos pontos que tiveram maior destaque foi a questão do reajuste da tabela de imposto de renda – Imposto de Renda de Pessoa Física (IPRF).
“É necessário brigar e convencer o Congresso Nacional [a corrigir a tabela do imposto de renda tributando os mais ricos e aumentando o limte de isenção de imposto de renda para R$ 5 mil]. É necessário muita organização da sociedade”, disse Lula.
Economista explica as dificuldades em corrigir a tabela de imposto de renda ainda este ano
Segundo Emílio Chernavsky, doutor em Economia pela Universidade de São Paulo (USP), a situação é complexa e demanda um estudo aprofundado. “O último reajuste na tabela do IRPF ocorreu em 2015, ainda no governo Dilma, permanecendo congelado nos governos Temer e Bolsonaro”, relembra o especialista.
Chernavsky ainda explica os efeitos da falta de corração da tabela, “Com isso, os trabalhadores de fato têm pago cada vez mais imposto. Isso porque ao longo dos anos, mesmo quando não consegue repor integralmente a inflação, o valor nominal dos salários aumenta. Com isso, como a tabela permanece a mesma, pessoas que não pagavam IRPF passam a pagar, e uma parcela cada vez maior do salário de pessoas que já pagavam passa a ser tributada. Para evitar isso, é preciso que a tabela seja atualizada regularmente”.
Contudo, o economista explica que a atualização da tabela não impacta apenas na vida dos trabalhadores e trabalhadoras, mas também nas finanças do Estado. “Ocorre que essa atualização reduz a receita esperada do governo, e a Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF impõe que essa redução seja considerada no Orçamento da União e não afete as metas fiscais – o que, para 2023, não foi feito -, ou que venha acompanhada de medidas de compensação, o que não é simples numa situação em que o orçamento tem que atender a múltiplas carências deixadas pelo governo Bolsonaro”.
Dessa forma, o economista explica que é necessário que haja um estudo de impacto que melhore a situação dos trabalhadores e não comprometa o orçamento federal impedido que haja orçamento para a reconstrução do País. “Não é um problema simples a resolver, menos ainda para um governo que acaba de começar”, finaliza Chernavsky.