Juros do Brasil de Bolsonaro continuam os mais altos do mundo

Descontada a inflação, os juros no país representam mais que o dobro dos praticados no México, segundo lugar no ranking da usura. Brasileiros devem mais de R$ 1 trilhão

A alta de 0,50 ponto percentual na taxa básica de juros (Selic), anunciada nesta quarta-feira (03) pelo Comitê de Política Monetária (Copom), mantém o Brasil na liderança do ranking global dos maiores juros reais (descontada a inflação). E ainda aumenta a distância para o México, segundo colocado no levantamento compilado pelo MoneYou e pela Infinity Asset Management.

A Selic anual atingiu o maior patamar desde janeiro de 2017 (13,75%), enquanto os juros reais chegaram a 8,52% ao ano – mais que o dobro da taxa mexicana (4,20%). “O Brasil reforça a 1ª colocação no ranking mundial de juros reais, ganhando o pódio desde a penúltima reunião e acima de México, Colômbia, Chile e Indonésia”, avalia Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset Management, na apresentação do estudo.

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O ranking das corretoras é calculado a partir da combinação da inflação projetada para os próximos 12 meses – que o boletim Focus do Banco Central (BC) estima em 4,81% – com a taxa de juros DI – taxa associada à taxa Selic e correspondente aos empréstimos entre os bancos – também dos próximos 12 meses.

O Brasil mantém a 1ª colocação, em qualquer cenário, seja de alta de juros de 50, 75, ou 25 bp”, prossegue o relatório de apresentação do estudo. “Em termos nominais, mantemos a 3ª colocação, abaixo de Argentina e Turquia e acima de Hungria, Chile e Colômbia.”

“Os programas de aperto quantitativo continuam lentos e o movimento global de políticas de aperto monetário continuou a ganhar força, com o aumento expressivo no número de BCs sinalizando preocupação com a inflação, mesmo com a queda do preço de commodities”, destacou Vieira no relatório enviado aos clientes.

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No cômputo geral, considerando uma listagem de 167 países, 45,51% mantiveram os juros, 50,90% elevaram e 3,59% cortaram. No ranking da Infinity, de 40 países, 15% mantiveram, enquanto 82,50% elevaram as taxas e 2,50% cortaram.

Essa foi a 12ª alta promovida na Selic desde março do ano passado, quando estava no menor patamar histórico (2%). Já é o mais longo ciclo de aperto monetário da história do Copom. O índice subiu 11,75 pontos percentuais, no maior choque de juros desde 1999 — na época, o BC elevou a Selic em 20 pontos percentuais de uma só vez para tentar aliviar a crise cambial.

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A cada alta da Selic, sobem também as taxas bancárias – em abril, a taxa média cobrada pelos bancos foi a maior em três anos. Em 2021, a alta do juro bancário foi a maior em seis anos, enquanto os gastos com juros da dívida pública – preservados pela regra do teto de gastos criada por Michel Temer – também foram os maiores em seis anos.

E se o mercado financeiro garante os lucros com dividendos de títulos públicos, na economia real a população, empobrecida pela precarização do trabalho e inflação de dois dígitos, restringe ainda mais um consumo já reduzido e adia a aquisição de bens que exijam a tomada de crédito, cada vez mais exorbitante.

O consumo baixo faz investimentos produtivos serem adiados, com impacto negativo sobre Produto Interno Bruto (PIB), emprego e renda. Esse “ciclo infernal” cava ainda mais fundo o abismo socioeconômico em que Jair Bolsonaro e seu ministro-banqueiro Paulo Guedes vem empurrando os trabalhadores desde 2019. Em abril, 97% da população economicamente ativa já deviam R$ 1 trilhão.

PT

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