A luta pela Caixa 100% pública ganhou força. De forma híbrida, foi lançado na noite de segunda-feira (4), em Brasília, o Comitê Popular de Luta em Defesa da Caixa.
Sobre a mesa, análises de conjuntura, a importância da Caixa para o Brasil e para os brasileiros, a situação dos empregados da instituição e o papel do Banco Público no próximo período, após as eleições.
Participaram do evento – que aconteceu no Auditório da Fenae – a deputada federal Erika Kokay (PT-DF); a presidenta da Caixa entre 2006 e 2011, Maria Fernanda Ramos Coelho; Maria Rita Serrano, representante dos empregados no Conselho de Administração da Caixa; o presidente do Sindicato dos Bancários do Distrito Federal, Kleytton Morais; a diretora de políticas sociais da Fenae, Rachel de Araújo Weber, a ex-vice presidenta da Caixa, Clarice Coppeti; o presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) do Distrito Federal, Jacy Afonso, além de funcionários e ex-funcionários do Banco Público.
O que é um comitê popular de luta?
A inspiração para o Comitê Popular em Defesa da Caixa, bem como para outros comitês populares previstos ao longo de 2022 devem ser as comunidades de base dos anos 1980 – quando trabalhadores se reuniam em pequenos grupos, nos espaços de residência, ou em torno de causas – como a defesa da Caixa – para promover debates e ações descentralizadas. “São pequenas ações que somadas, fazem um movimento”, afirmou Jacy Afonso.
Maria Fernanda Ramos Coelho explicou que a ideia é ter milhares de pequenos comitês pelo País e que eles se orientem em torno de diversas pautas como a Caixa, o meio ambiente e mulheres. Segundo ela, há uma crise sistêmica no Brasil, “Para qualquer lado que olhamos vivemos uma crise”.
A importância da Caixa
O papel da Caixa Econômica Federal no desenvolvimento do Brasil e na construção da cidadania é inegável. Conforme relembrou Rachel Weber, o Brasil passa pela Caixa: “Desde 2020 a Caixa pagou auxílio emergencial a 68 milhões de pessoas, o que corresponde a um repasse de de R$ 354,7 bilhões. Em 2021, foi responsável por cerca de 20% das operações de crédito e de 68,6% dos financiamentos imobiliários, apoiou pequenas e micro empresas com cerca de R$ 51,7 bilhões, teve uma arrecadação de R$ 16,9 bilhões em loterias, dos quais R$ 7,5 bilhões foram repassadas a programas sociais”.
Os problemas que envolvem o Banco Público
Segundo Maria Rita Serrano, não é de hoje que a Caixa vem enfrentando tentativas de privatização. Apesar da sua importância para a população, desde 2014, após a duríssima vitória de Dilma, há uma tentativa de mudar o banco. “Nessa época começou a ser debatido o Estatuto das Estatais, que preparava as empresas públicas para serem privatizadas. Porém, com a ajuda dos parlamentares da esquerda e de parte do governo, conseguimos tirar as cláusulas mais privatizantes da lei”, explicou Rita.
“De lá pra cá a estratégia mudou, deixou de se abrir o capital da Caixa e a estratégia virou criar subsidiárias para preparar as privatizações”, alertou a representante eleita dos empregados no Conselho de Andministração da Caixa. Rita ressaltou ainda que em relação aos empregados, a situação piorou muito mais. As metas abusivas, a pressão sobre todos, as demissões e a falta de concursos têm penalizado a categoria.
“Temos que superar tudo o que está colocado, principalmente o medo [dos patrões]; estamos premidos por uma realidade de terror, só tem uma saída: se unir e tentar dar uma resposta e uma determinação militante para colher teimar e persistir”.
A defesa da Caixa
“O que precisa ser mudado dentro da Caixa? Que projeto teremos para a Caixa? Como a Caixa pode contribuir com o novo governo? Qual a Caixa que queremos?”, questionou Maria Fernanda.
Sobre a situação das estruturas do Estado, Erika Kokay argumentou: “O Estado está sendo capturado na sua essência, o bem estar social. Estamos vendo o Estado ser arrancado do povo brasileiro para ser entregue ao mercado e aos governantes”. Sobre o Banco Público, a deputada disse que há na Caixa uma tentativa de se apropriar da empresa. “O presidente Pedro Guimarães está se utilizando da empresa para construir uma campanha eleitoral, usando a mentira e o ódio”, disse.
“Não é possível usar a Caixa como palanque eleitoral para Jair Bolsonaro, mas as mentiras não podem ficar impunes. Esse Comitê tem que trabalhar na denúncia e na disputa das narrativas sobre a Caixa, e também levar propostas para o próximo presidente sobre a Caixa”, criticou indignada.
Com a aproximação das eleições de 2022 e o futuro do País depois delas, Kokay reiterou a importância da criação e manutenção de comitês poplares no País: “Provavelmente não teremos maioria no Congresso. Assim. precisaremos manter vivas todas as organizações que construímos nas eleições para substituir essa maioria que não teremos para podermos avançar na construção do Brasil que queremos”.
Recontaaí