Qual é a contradição fundamental do nosso tempo? Perguntaria o barbudo e gênio alemão.
O que fazer? Perguntaria o careca revolucionário.
Cadê a utopia? “Lutam melhor os que têm belos sonhos” já disse o barbudo de boina.
Tá na hora de se perguntar cadê os grandes projetos de sociedade? Cadê as propostas e os programas de futuro?
Cadê as doutrinas, as teses, as teorias que apontam para a construção de um mundo cada vez melhor?
Não existe ação transformadora, para um futuro desejado, sem uma teoria que empolgue corações e mentes.
No Brasil é preciso pensar um programa que faça acordar os homens e adormecer as crianças, como já disse nosso poeta maior.
Fundamental é colocar sol no nosso nublado tempo. Até mesmo uma minúscula lanterna, ajudaria muito a descobrir o fim do túnel.
Se as perguntas acima, neste momento, não apresentam respostas que empolgam as pessoas, os movimentos e os partidos, fica difícil atrair as grandes massas. E como disse, de novo, o gênio alemão: “quando as massas se movimentam a história começa a ser contada”
Nesse tempo de ventania e até mesmo de furacão, exige primeiro tranquilidade para enfrentar a turbulência, mas é fundamental começar a traçar um rumo, buscar caminhos, agregar pessoas.
É preciso incomodar, questionar, ir as ruas, dar choque, acordar a coragem, principalmente da juventude brasileira.
Se quiser ir rápido vá sozinho, se quiser ir longe vá em grupo (provérbio africano)
Rubem Fonseca
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