A Câmara Federal realizou nesta terça-feira (30) Comissão Geral para debater a desigualdade e a violência contra a mulher negra no Brasil. A deputada federal Erika Kokay (PT-DF) falou em nome do Partido, em substituição a deputada Benedita da Silva (PT-RJ), e destacou a questão do racismo estrutural vivenciado em nosso país.
“É necessário rompermos com um negacionismo, que é o negacionismo não pontual, mas o negacionismo estrutural. E esse negacionismo teima em não admitir que vivenciamos um racismo estrutural neste País, um racismo que vai se expressar em várias formas de se definir as relações econômicas, as relações sociais, as relações culturais”, afirmou.
Segundo Kokay, não é possível enfrentar o racismo estrutural sem um conjunto de políticas públicas. “É preciso que não neguemos que os dados açoitam aqueles que querem construir uma pós-verdade ou uma verdade que não corresponde aos fatos. Os dados pontuam que temos, neste País, uma escravidão que ainda persiste, e que precisamos enfrentá-la”, destacou.
“É importante que possamos aprovar aqui o projeto que estabelece o racismo institucional, o racismo religioso. Quantas vezes se tentou esconder as contas, calar os tambores. Mas as contas, moço, as contas continuam visíveis, os tambores continuam tocando, para que possamos assumir a negritude deste País. E para que nós possamos respirar com os ares que são emanados nos quilombos, os ares de Zumbi dos Palmares, para ir varrendo os pedaços das casas grandes e senzalas que teimam em continuar enfrentando a nossa cidadania e a democracia, e o fartar de humanidade que este País tem que vivenciar”
Erika Kokay
Para a parlamentar, são muitos os desafios que estão postos para reconhecermos que há um feminicídio simbólico e literal que atinge os corpos negros, das mulheres negras. Segundo o o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, das 1.350 mortes por feminicídio em 2020, a maioria foi de mulheres negras.