Crimes de Bolsonaro não podem ser desculpados ou esquecidos, defende jurista

Ex-presidente da Comissão de Ética Pública da Presidência da República, Mauro Menezes classificou suposto recuo de Bolsonaro como “dissimulação”

O advogado Mauro Menezes, ex-presidente da Comissão de Ética Pública da Presidência da República e integrante do grupo Prerrogativas, classificou como um “jogo de dissimulação” a “Declaração à Nação“, publicada pelo presidente Jair Bolsonaro nesta quinta-feira (9). Elaborada pelo ex-presidente Michel Temer, a carta foi considerada como uma espécie de pedido de desculpas às investidas contra as instituições da República, em especial o Supremo Tribunal Federal (STF), registradas durante o 7 de setembro.

Mas, para Menezes, trata-se de uma “conduta dissimulada” por parte de Bolsonaro. São atitudes, contudo, que visam a manter, com “idas e vindas”, a mobilização da sua base mais radical. O intuito, no entanto, é fragilizar as instituições democráticas, com o objetivo de abrir caminho para a sua permanência no poder.

“A democracia brasileira está em risco. E todos aqueles que realmente creem na importância de manter o regime democrático no país não podem considerar que crimes graves como esses possam ser desculpados ou esquecidos”, disse o jurista em entrevista a Glauco Faria, para o Jornal Brasil Atual, nesta sexta (10).

O ex-presidente da Comissão de Ética Pública foi além. Ele classificou Bolsonaro como “inimigo da democracia”, “inimigo da Constituição”, que age “diuturnamente” contra as instituições da República. “E não há meio caminho, ou mediação possível com aquele que descumpre a Constituição, com aquele que é inimigo da democracia, e quer destruir o sistema legal”.

Temer e Bolsonaro

Ademais, Menezes também não poupou críticas à atuação de Temer. Segundo ele, o ex-presidente “abdicou há muito tempo” da sua condição de respeitabilidade como jurista. Nesse sentido, lembrou que Temer atuou às margem da Constituição, ao urdir o golpe do impeachment contra a ex-presidenta Dilma. Além disso, o jurista responsabilizou Temer pela “desconstrução” das instituições democráticas e das políticas públicas “que nos levaram a Bolsonaro”.

“O aparecimento dele ao lado de Bolsonaro, inclusive quando o presidente do seu partido (MDB) havia sinalizado apoio ao impeachment de Bolsonaro, revela que ele (Temer) permanece atado a manobras e subterfúgios sombrios, voltados a fazer que permaneça no poder alguém que não tem o menor compromisso com a democracia. Ou seja, Michel Temer, mais uma vez, prestou um grande desserviço ao país, com sua conduta no dia de ontem”, criticou.

Assista à entrevista

RBA

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