A CPI da Covid-19 ouve, nesta quarta-feira (4/8), o depoimento do tenente-coronel , ex-assessor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde. O objetivo é aprofundar as investigações no caso de propina para a aquisição de vacinas.
Blanco foi quem teria apresentado o policial militar e vendedor Luiz Paulo Dominguetti Pereira, da Davati Medical Supply, ao ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias. Ele também participou do jantar em que o ex-diretor teria pedido propina de US$ 1 por dose a Dominguetti, em 25 de fevereiro deste ano, num restaurante do Brasília Shopping. Dias nega o pedido.
O tenente-coronel, que foi exonerado em janeiro passado, abriu a empresa Valorem Consultoria em Gestão Empresarial, três dias antes do encontro. As atividades econômicas do empreendimento são de mediação de negócios e assessoria técnica. Contudo, cerca de 20 dias depois do jantar, Blanco fez uma alteração para acrescentar atividades ligadas ao mercado de saúde.
Blanco é um dos diversos militares do governo citados na CPI por envolvimento em supostos ilícitos na condução da pandemia da Covid-19. Ele é visto pelos senadores como um dos elos entre a pasta e as intermediárias.
“Em todas essas negociatas, ele [Marcelo Blanco] era o representante do Ministério da Saúde. Vamos fazer o link dos pontos de World Brands, Davati e companhia com quem estava do outro lado do balcão, transformando o Ministério da Saúde em balcão de negócios”, afirmou o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
A CPI requisitou ao Comando do Exército Brasileiro todos os relatórios e as informações de inteligência a respeito de militares do governo, como do ex-secretário executivo do Ministério da Saúde Élcio Franco, do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello e de Blanco. O Exército disse não ter.
Blanco também foi citado no depoimento do representante da Davati Medical Supply no Brasil, Cristiano Carvalho, à CPI da Covid. Na ocasião, Carvalho disse que Dominguetti comentou com ele sobre um pedido de “comissionamento” do “grupo do Blanco”.
“A informação que veio a mim, vale ressaltar isso, não foi o nome propina, tá? Ele usou comissionamento. Ele se referiu a esse comissionamento sendo do grupo do tenente-coronel Blanco e da pessoa que o tinha apresentado ao Blanco, que é de nome Odilon”, disse Carvalho.
O militar chega ao depoimento amparado por um habeas corpus do Supremo Tribunal Federal (STF), que lhe concede o direito ao silêncio em situações que o incriminem.
Contudo, em decisão proferida no último dia 13 de julho, o presidente do STF, Luiz Fux, destacou que cabe ao depoente o direito de avaliar o que pode ou não autoincriminá-lo e cabe à CPI da Covid decidir se ele abusa ou não do direito fundamental e, portanto, poderá adotar as providências que julgar cabíveis.
Metrópoles