A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid no Senado entra em sua “2ª temporada” com a premissa de seguir o dinheiro para tentar desvendar possíveis esquemas de corrupção envolvendo o governo federal.
Além dos casos de vacinas da Covaxin e das negociações do Ministério da Saúde com a Davati Medical Supply, contratos com a empresa de logística VTCLOG também devem entrar na mira do colegiado.
O então diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, aprovou pagamentos à empresa VTCLOG num valor 1.800% mais caro que o recomendado num parecer técnico.
O contrato com a operadora logística previa, inicialmente, pagamentos de R$ 485 milhões até 2023. No entanto, em fevereiro, o valor subiu quase 20%, para R$ 573 milhões, e está sendo pago até hoje. Por isso entrará como uma nova linha de investigação.
A VTCLOG recebe e organiza medicamentos para o ministério. Desde 2019, as partes não entravam num acordo de como deveria ser feito o cálculo da remuneração pelo serviço. Enquanto técnicos da pasta defendiam remuneração de R$ 1 milhão, a empresa afirmava que o contrato garantia o pagamento de R$ 57 milhões. Na ocasião, os pagamentos foram suspensos.
A questão teria sido resolvida com a intervenção de Dias, que aceitou uma contraproposta da empresa. Ficou acertado, então, o pagamento de R$ 18 milhões, que era 60% menor do que pedia a empresa, mas 1.800% maior do que recomendavam os técnicos do ministério.
O 1º depoimento da CPI depois do recesso, na 3ª feira (3.ago.2021), será do reverendo Amilton Gomes de Paula, da ONG Senah, que participou de negociações suspeitas de vacinas com o Ministério da Saúde.
Outra prioridade na lista é o caso Covaxin. Representantes da Precisa Medicamentos devem ser ouvidos nas primeiras semanas depois do retorno.
Hospitais federais do RJ
Outra investigação que pode render fatos novos à CPI é o grupo de trabalho encabeçado pelo senador Humberto Costa (PT-PE) sobre supostos esquemas de corrupção em hospitais federais do Rio de Janeiro. O caso foi citado pelo ex-governador do Estado Wilson Witzel. A CPI deve pedir a convocação de nomes envolvidos com a administração das instituições.
Ele foi ouvido pelos senadores da CPI da Covid em 16 de junho. Durante a sessão, chegou a discutir com Flávio Bolsonaro e o chamou de “mimado” e “sem educação”. Depois de cerca de 3 horas e 40 minutos de depoimento, Witzel decidiu se retirar. Ele se amparou em habeas corpus concedido pelo ministro Kassio Nunes Marques, do STF (Supremo Tribunal Federal).
“Há um claro espelhamento do modelo de corrupção que tomou conta da estrutura estadual do Rio de Janeiro sobre os hospitais federais. As suspeitas são muitas e fortes, e já as compartilhamos com o TCU, a Polícia Federal e a Receita Federal. Há indícios mesmo de que milícias estão entranhadas nesse sistema, tomando conta até de estacionamentos de unidades hospitalares. Há muitas informações estratégicas que estamos rastreando. A CPI vai ter muita coisa a aprofundar.”
Fonte: Poder 360