Secretário da Juventude do PT considera acesso ao ensino superior principal conquista dos governos petistas, mas critica da manutenção do modelo privatista
No programa SUB40 desta quinta-feira (22/07), o fundador de Opera Mundi, Breno Altman, entrevistou o secretário nacional da Juventude do Partido dos Trabalhadores (JPT), Ronald Sorriso. Ele avaliou as políticas do partido direcionadas à população mais jovem e os próximos passos da legenda.
Sorriso admitiu que, até 2018, era difícil para o PT cativar a juventude, mas que o presidente Lula, ao denunciar a violência sendo cometida contra ele, “mostrando que o PT também sofria com as injustiças, igual ao povo”, e renovando as lideranças, “conseguiu atrair novamente a juventude”. O ex-presidente conseguiu voltar a encantar os jovens e animar aqueles que viveram as políticas petistas e que, pela primeira vez, poderão votar em Lula.
Para o líder, atrair a juventude já não é mais a preocupação, “é saber se as cabeças brancas do partido estarão abertas à renovação”: “Existe um conflito geracional no PT”.
Ele relembrou que a JPT conta com a radicalidade necessária, que ajuda a legenda a avançar também do ponto de vista ideológico e programático: “Não negociamos temas importantes sobre a juventude negra e outros temas que achamos que não podem ser negociados, e lutamos para que sejam questões elementares para o partido defender”.
Conquistas da juventude
Sorriso refletiu sobre as principais políticas públicas feitas durante os governos petistas a favor da juventude. Segundo ele, o principal resultado foi o acesso ao Ensino Superior.
“Quando você coloca um jovem formado de volta na favela, ele passa a ser um exemplo e disputa esse exemplo com o tráfico, porque é o traficante que tem dinheiro, roupas… mas se você coloca um advogado, de terno, ele passa a ser a referência”, destacou.
Reprodução/Facebook
Ronald Sorriso foi o entrevistado desta quinta (22/07) no SUB40
Ele criticou, contudo, a opção por manter o modelo privatista, em vez de fortalecer as universidades públicas, estaduais e federais.
“Outra coisa é o FIES, que foi muito legal, mas funcionava prevendo o aquecimento do mercado, que não ocorreu. Vários jovens se formaram e não foram contratados, ficando com a dívida, e o governo não se preocupa em renegociar ou perdoar essa dívida. Quando a gente apresentar um novo programa, temos que debater o perdão às dívidas do FIES, porque em teoria está tudo pago, e uma reforma no modelo”, discorreu.
Além disso, para o líder da JPT, a principal falha dos governos petistas foi não conseguir combater o encarceramento da juventude negra e enfrentar a violência policial que prejudica esse grupo, principalmente.
“Houve um forte investimento na polícia, sem reformá-la, sem desmilitarizá-la, o que faz com que a gente tenha o maior índice de encarceramento e morte de jovens negros. Eu mesmo perdi quatro pessoas na minha família”, relatou Sorriso.
Ele, porém, se mostrou otimista com relação a um novo governo de esquerda, principalmente depois das iniciativas do ex-presidente Lula de se reunir com militantes do movimento negro. O secretário nacional da JPT ainda afirmou que a solução passa pela legalização das drogas, “mas é um caminho, não uma finalidade em si própria”.
“Se você tira o tráfico e não coloca nada para alimentar a economia da favela, a favela vai buscar outras economias paralelas, também marginalizadas e oprimidas. Então tem que pensar o que colocar no lugar, porque existe uma cadeia produtiva ali”, enfatizou.
Fonte: Opera Mundi