Além de baixa renda, parte significativa da população brasiliense não dispunha, em 2019, de serviços essenciais, como abastecimento d’água encanada. Segundo o IBGE, 23, em cada cem brasilienses, não possuíam abastecimento d’água proporcionado pela Caesb. O acesso à água potável e ao saneamento básico é um direito humano essencial do ser humano, segundo define a Organização das Nações Unidas.
Ninguém tem dúvidas de que o Brasil e a Brasília que vão sair da Pandemia, sabe-se lá quando, exatamente, estarão em situações sócio econômicas mais precárias. O que pouca gente se dava conta – e que números do IBGE demonstram, agora – é que a realidade da Capital Federal já estava bastante precária, antes mesmo de ser atingida pela Pandemia. Com 3,013 milhões de habitantes, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – 2019, Brasília já demonstrava no período pré-pandemia um padrão pouco compatível com a cidade apelidada de “ilha da Fantasia” e detentora do maior PIB per capita do Brasil.
Segundo a pesquisa, 17% dos moradores da capital possuíam renda domiciliar per capita menor que US$5,50 PPC/dia, R$ 27,50, pela cotação de 25/6/2021, o que dá R$ 825,00 mensais. Menos do que um salário mínimo. O universo de pessoas nessa situação foi estimado, na época, em 336 mil pessoas. A Organização das Nações Unidas fixa em US$5,50/dia a linha de pobreza absoluta para os países com renda média-alta, grupo ao qual o Brasil pertence com mais 46 países.
Essa população sob condições de pobreza absoluta vive, a maior parte, em domicílios com três e quatro moradores por lar (27% cada). Os domicílios com seis moradores ou mais abrigavam 17% da população.
Água encanada
Além de baixa renda, parte significativa da população brasiliense não dispunha, em 2019, de serviços essenciais, como abastecimento d’água encanada. É o caso, por exemplo, de muitos que habitam o bairro Chácaras Santa Luzia, na Estrutural. Segundo o IBGE, 23, em cada cem brasilienses, não possuíam abastecimento d’água proporcionado pela Caesb. O acesso à água potável e ao saneamento básico é um direito humano essencial do ser humano, segundo define a Organização das Nações Unidas.
O índice do IBGE de cobertura de água encanada para 76,9% dos moradores do Distrito Federal diverge das estatísticas de 2020 da Codeplan, que apontavam 99% dos brasilienses com o serviço assegurado. Entretanto, a própria Codeplan afirmava, em 2020, que das 31 regiões administrativas (à época do estudo, as RAs Arniqueira e Sol Nascente/Pôr do Sol não existiam), apenas 17 possuíam cobertura total de fornecimento de água. É pouco crível que diante de quatorze RAs sem 100% de abastecimento d’água, as estatísticas de 99% refletissem a realidade.
Outro dado do levantamento do IBGE revela que 17,8% da população não dispunham, em 2019, de caixa d’água para armazenamento ou era atendidas por um padrão de abastecimento d’água que não assegurava o fornecimento diário de água, o que resulta em vulnerabilidade e a possibilidade de indisponibilidade d’água corrente por intermitências no fornecimento pela rede geral. Além desses grupo de 17,8%, outra parcela da população, mensurada em 5,2%, que residia em domicílios com canalização interna, porém eram abastecidos por outra forma, que não a rede d’água da Caesb, como por exemplo, caminhões pipa ou cacimbas.
Padrão de moradia
No Distrito Federal, 24,7% viviam em domicílios com mais de três pessoas para um único banheiro de uso, contra 32,2% em nível nacional. Na capital federal, 65,1% das pessoas viviam em domicílios com mais de um morador por dormitório, sendo que 3,0% das pessoas viviam em domicílios com mais de três pessoas por dormitório. No DF, 1,4% das pessoas residiam em domicílios com adensamento excessivo e tinham idosos entre os moradores.
A proporção das pessoas idosas que moravam sozinhas no Distrito Federal (2019) era de 1,6%, já a população não idosa que morava sozinha era de 3,3%, em 2019. 26,4% dos domicílios abrigava, dois ou mais adultos e em 2,8% residiam dois ou mais idosos. Mais da metade dos imóveis do DF, 57%, eram ocupados por adultos e idosos, sem a presença de crianças, e 15% só com idosos.
Fonte: Chico Sant’Anna