Enquanto governo planeja abandonar imunizante do Butantan, pesquisa aponta proteção de 97% contra casos grave da doença, superando vacinas como Pfizer e AstraZeneca
Alvo de uma feroz disputa ideológica, cujo pano de fundo é o protagonismo da China no tabuleiro geopolítica mundial, a vacina da CoronaVac vem, no entanto, surpreendendo e desafiando seus detratores, a exemplo do mais notório, Jair Bolsonaro. Um estudo sobre eficácia das vacinas contra a Covid-19 aponta que o imunizante produzido pelo Instituto Butantan é o que mais oferece proteção contra os casos graves da infecção evitando, assim, a quase totalidade das mortes.
Os dados revelam que o imunizante apresenta uma proteção de 97% para casos graves da doença, 77,96% para casos moderados que precisem de atendimento e 50,4% para casos muito leves, que não necessitam de cuidados médicos. O levantamento foi apresentado pelo ex-secretário Nacional de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, hoje secretário de Serviços Integrados de Saúde do STF (Supremo Tribunal Federal), Wanderson de Oliveira.
Já a cobertura das outras vacinas para casos graves ficou um pouco abaixo do imunizante produzido pelo laboratório chinês Sinovac Biotech. A Astrazeneca ofereceu proteção de 90%, a Pfizer, de 80%, e a Janssen e Sputnik V, 85%.
“A vacina está cumprindo o papel dela: evitar gravidade de casos críticos. Baseado nesses dados, nas informações do sistema oficial do Ministério da Saúde, a vacina se prova mais uma vez eficaz”, declarou Oliveira ao UOL.
O estudo confirma o experimento realizado em Serrana (SP), que apontou que a pandemia pode ser controlada com pelo menos 75% da população vacinada. Após uma imunização em massa na cidade, com quase toda a população adulta vacinada, as mortes por Covid-19 caíram 95%, revelou um levantamento do Butantan divulgado no final de maio.
Governo planeja sabotar vacina
Na semana passada, o jornal Correio Braziliense revelou a existência de um plano do governo para suspender o uso da CoronaVac, o imunizante responsável pela maioria das imunizações no país. A justificativa seria uma suposta “baixa imunidade” produzida pela vacina, especialmente em idosos.
O estudo apontou uma cobertura de apenas 28% em pessoas acima de 80 anos. Questionado, Oliveira criticou o a estratégia do governo e fez a defesa da vacina, argumentando que deveria haver debate em torno de uma nova dose de reforço para essa faixa etária, não o cancelamento da vacina.
“O Ministério da Saúde fez o processo de aquisição de 130 milhões de doses, ele não pode interromper a aquisição justificando que a eficácia não é adequada. Ele deve, no mínimo, consumir as 130 milhões de doses para garantir que as pessoas que tomaram a primeira dose tomem a segunda”, concluiu. Nesta segunda-feira (21), o ministro da Saúde Marcelo Queiroga negou que esteja planejando abandonar a vacina.
Butantan desmente proibição na Europa e EUA
No mês passado, o Instituto Butantan divulgou uma nota desmentindo uma fake news que afirmava que a CoronaVac foi proibida na Europa e nos EUA. “A matéria original traz a informação de que a União Europeia adotará um certificado de vacinação, além de pretender retirar restrições para viajantes que já tenham sido imunizados com uma das vacinas autorizadas pelo bloco”, esclareceu o instituto. Sobre os EUA, o Butantan informou que o órgão regulador americano nem iniciou o processo de análise do imunizante.
No início de junho, a Organização Mundial da Saúde (OMS), aprovou o uso emergencial da CoronaVac. A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) ainda não emitiu parecer sobre o uso da vacina.
Fonte: PT