Bolsonaro começa a semana sob o abalo de dois fiascos da semana passada. Vamos começar pelo fiasco maior. O sujeito não ganhou nada e ainda esculhambou com a Marcha para Cristo, que este ano os evangélicos realizaram de moto em São Paulo.
A extrema direita decidiu misturar a marcha religiosa com um desfile pró-Bolsonaro, no sábado, e aconteceu o que alguns previram. Um fracasso.
Apareceram entre 10 mil e 12 mil motoqueiros, a grande maioria tiozão de motos potentes, esses aposentados estradeiros de excursões de fim de semana, que ocupam a pista da direita e vão de um lado pra outro, geralmente sem rumo.
Só foram esperar Bolsonaro esses caras que andam de preto e de turma. Um pessoal de mais de 50 anos, com histórico ou vínculos com militares. Os jovens não apareceram em São Paulo, como não haviam aparecido no Rio.
Bolsonaro fracassou porque quem usa moto para ir e vir, como motoboy ou como trabalhador de qualquer outra atividade, que vai sobre duas rodas para o serviço, não apareceu na marcha.
Motos de baixa potência foram raras no desfile. O município de São Paulo tem, segundo dados de abril do Detran, uma frota de 1.076.861 motos. É muita moto, mais de 1 milhão.
Isso quer dizer que, de cada cem motos, só uma apareceu no desfile. Isso sem considerar motos de cidades do interior do Estado. O Estado todo tem 4.887.149 de motos.
O outro fiasco de Bolsonaro foi a entrada de surpresa num avião da Azul em Vitória, na sexta-feira. O sujeito levou a maior vaia em ambiente fechado.
Uma vaia em lata de sardinha. Ele não estava preparado para ouvir um jogral de gente gritando genocida.
Tanto que tentou se defender com o argumento de que os vaiadores deveriam andar de jegue. É uma reposta de briga de guri burro.
Bolsonaro entrou no avião certamente porque se sentiu seguro e não esperava ouvir o que ouviu. Foi um golpe poderoso na confiança do genocida, que não obtém uma vitória há muito tempo.
Bolsonaro tem mais uma semana para promover desordens, até a grande manifestação de sábado, dia 19, em todo o Brasil.
Moisés Mendes é jornalista e escreve para o DCM