José Cassio*
Não bastasse o país saber que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) firmou, em 2020, quatro empréstimos de R$ 283 milhões para a Apsen e a EMS, fabricantes de medicamentos à base de hidroxicloroquina, e cujos donos são bolsonaristas doentes, agora descobre que o próprio genocida fez lobby na Índia para favorecer os interesses dos amigos.
Objetivo: incrementar a produção e venda da droga que não tem qualquer comprovação científica contra a covid-19.
Documentos obtidos pela CPI mostram que o próprio mandatário ligou para o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, e pediu que acelerasse a exportação de insumos para a fabricação de cloroquina.
Sim, você leu bem: Bolsonaro pegou o telefone e falou diretamente com Modi para defender o interesse privado de seus correligionários, ao mesmo tempo em que aparecia como garoto propaganda do medicamento – em outra frente, boicotava a importação de vacinas e promovia aglomeração para espalhar o contágio da doença.
Se isso não for genocídio, genocídio é o que então?
Para que não reste dúvidas: Carlos Sanchez, que comanda a EMS, já foi recebido por Bolsonaro no Palácio do Planalto e participou do jantar com empresários em São Paulo, enquanto o presidente da Apsen, Renato Spallicci, é um bolsonarista declarado.
Senadores da CPI avaliam que a ligação é prova importante do envolvimento pessoal do presidente com o fornecimento para o Brasil do remédio sem eficácia.
Bolsonaro vem afrontando as instituições desde que tomou posse na presidência. Mente, atropela, faz ameaças, pinta o diabo. Tudo com a complacência do Congresso, do Judiciário e das Forças Armadas.
A pandemia, potencializada por ele, vai ultrapassar a casa das 480 mil mortes nesta quinta.
Nas ruas, o povo dá sinais de que a paciência se esgotou.
Pesquisas que mostram queda vertiginosa de popularidade e manifestações cada vez maiores são os indícios da derrocada de um governo que já nasceu fracassado.
O que mais é preciso Bolsonaro fazer para ser impedido de governar e ir para a cadeia?
José Cassio* é jornalista com formação política pela Escola de Governo de São Paulo
Artigo publicado no DCM