À CPI, ministro admite que não foi ouvido sobre Copa América nem sobre ação de Bolsonaro para impedir governadores de adotarem lockdown. “Vossa Excelência não tem autonomia”, apontou Humberto Costa
Na primeira reconvocação da CPI da Covid, que colheu, nesta terça-feira (8), depoimento do ministro da Saúde Marcelo Queiroga, o titular da pasta não poupou esforços para proteger Jair Bolsonaro. Queiroga voltou a esquivar-se de perguntas sobre a sabotagem do governo federal ao combate à pandemia e caiu em contradição sobre sua gestão à frente da pasta. Irritado com as perguntas dos senadores, o ministro acabou por confirmar na prática que não tem autonomia para chefiar a Saúde e que Bolsonaro não o consulta sobre assuntos como a realização da Copa América ou a ação movida pelo presidente no STF para impedir governadores de adotarem medidas para frear a contaminação por Covid.
Ele afirmou desconhecer a existência de um gabinete paralelo ao Ministério da Saúde mas confirmou que recebeu alguns dos integrantes do grupo de aconselhamento clandestino ao presidente, como a médica Nise Yamaguchi e o deputado federal Osmar Terra, com quem tratou de “estudos sorológicos”. Ele não comentou as imagens exibidas de uma reunião do gabinete paralelo com a presença de Bolsonaro.
O senador Rogério Carvalho (PT-SE) apresentou imagens dos integrantes do gabinete paralelo e citou trechos das conversas, como a orientação de Jair Bolsonaro para a execução de uma estratégia antivacina e em favor da disseminação do vírus. “Isso é de uma gravidade, de uma crueldade que precisa ser apurado”, afirmou o senador. “Bolsonaro, foi e é o ministro da Saúde. Toda a desautorização parte dele”.
Fonte: PT