Brasil passa de 465 mil vítimas da covid. OMS alerta: pandemia no continente está em ‘direção ruim’

“Situação na América do Sul está novamente começando a ir na direção errada”, disse diretor da Organização Mundial da Saúde

As mortes diárias por covid-19 no Brasil seguem em nível alarmante. Segundo boletim desta terça-feira (1º) do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass), foram registradas mais 2.408 mortos pela infecção em um período de 24 horas. Com o acréscimo, o país chega a 465.199 vítimas desde o início da pandemia, em março do ano passado. Também foram notificados 78.926 novos infectados no período, totalizando 16.624.480 em cerca de 14 meses de surto.

O Brasil segue como a segunda nação com mais mortes por covid-19 no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Isso, sem contabilizar ampla subnotificação, já que o país segue sem estratégias de combate ao vírus, que envolve uma política pública eficiente de testagem. Na média diária de mortes, calculada em sete dias, apenas a Índia supera o Brasil. No país asiático, que atualmente sofre um surto violento da infecção, o indicador está em 3.645 vítimas diárias. No Brasil 1.881. Entretanto, a Índia possui população mais de seis vezes maior.

Grande preocupação

O diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS) para situações de emergência, Michael Ryan, lamentou a condução da pandemia no continente sul-americano. Em coletiva hoje, ele lembrou a situação desastrosa no Brasil, especialmente até o mês de abril. O cientista também apontou que as tendências apontam para um cenário de piora. “A América do Sul estava em uma situação realmente difícil há apenas alguns meses e, novamente, a situação está começando a ir na direção errada”, disse.

Ryan reafirmou que “a situação na América do Sul agora continua sendo uma grande preocupação”. Isso fica evidente pela alta taxa de letalidade registrada no continente. “A transmissão da doença é intensa, a transmissão na comunidade é generalizada e os sistemas de saúde continuam sob pressão, refletindo nas taxas de mortalidade”, disse o dirigente.

Além do Brasil, o alerta no continente também tem relação com o Peru onde, assim como no Brasil, a subnotificação é generalizada. Porém, diferente do governo do presidente Jair Bolsonaro, os peruanos reajustaram recentemente os números da pandemia em seu território, de modo a refletir a realidade com mais precisão. De cerca de 70 mil mortes pela covid-19, o país vizinho passou a considerar um número de vítimas perto de 181 mil, baseado em estimativas das autoridades sanitárias locais. Pelas mesmas razões e com os mesmos critérios, o México adotou o mesmo procedimento, no fim do ano passado.

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