País receberá torneio após Argentina e Colômbia recusarem realização, diante do caos da pandemia
O Brasil, que está próximo de um novo colapso da pandemia de covid-19, será o país-sede da Copa América, que começará no próximo dia 13 de junho. A Conmebol, confederação continental, pediu ao governo Bolsonaro, nesta segunda-feira (31), para levar o torneio ao Brasil, que prontamente atendeu a solicitação. O torneio estava previsto para ser realizado, inicialmente, na Colômbia e na Argentina, mas a Conmebol foi obrigada a mudar de local. Os colombianos vivem uma onda de protestos contra o governo do presidente Iván Duque Márquez. Já a Argentina deixou de ser sede da Copa América devido à piora da pandemia no país.
Apesar dos mais de 16,5 milhões de infectados pela covid-19 e de 462 mil mortos, o governo Bolsonaro e a Conmebol não descartam a possibilidade de final com público, no Maracanã, marcada para 10 de julho. Ainda não há a confirmação de quais estados serão sede dos jogos, mas de acordo com o portal Globo Esporte, Manaus, Brasília, Pernambuco e outro estado do Nordeste estão nos planos.
Irresponsabilidade e desrespeito
A decisão do governo Bolsonaro e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para liberar a realização da Copa América no Brasil foi intensamente criticada. O jornalista do portal UOL Jamil Chade classificou como “escárnio” e disse que taça de campeão, que será entregue por Bolsonaro, “estará manchada de sangue”.
“A decisão de transferir a Copa América ao Brasil, um dos epicentros da pior pandemia em cem anos, é um escárnio e revela que autoridades – do futebol e da política – simplesmente não respeitam vidas, e nem mortes. Símbolo da destruição moral, o evento cai como uma luva para quem perdeu sua legitimidade de governar por ter fracassado em seu papel mais fundamental: garantir a vida de seus cidadãos”, escreveu Jamil, em sua coluna.
O jornalista da Rede Globo Paulo Vinicius Coelho, o PVC, afirma que a mudança é um desrespeito aos mortos do país e, em seu texto, pede um movimento de boicote ao torneio. “Muito mais do que a Copa do Mundo e a Copa das Confederações, disputada em meio às manifestações de junho de 2013, esta aberração merece lançar o movimento “Não vai ter Copa América”, defendeu.
Bolsonaro recusa vacina, mas aceita futebol
As redes sociais também foram palco de muitas manifestações contrárias à decisão e o maior alvo das críticas foi o presidente Jair Bolsonaro. Internautas e figuras públicas lembravam que Bolsonaro aceitou o pedido da Conmebol em poucas horas, diferente da oferta de vacina da Pfizer, que demorou quase três meses para ser respondida pelo governo federal.
O jornalista Caio Alves, da ESPN Brasil, disse em seu Twitter: “Entre agosto e setembro do último ano, o governo brasileiro ignorou 10 e-mails para a compra das vacinas. Em contrapartida, entre 22h44 e 11h05, fechou-se o acordo pela Copa América no país que negocia com a terceira onda pandêmica. Os objetivos são claros. Sobreviva quem puder”.
Copa América no Brasil
Apesar da realização dos jogos das seleções, os campeonatos nacionais, incluindo Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro, não irão parar. Ou seja, os estádios e centro de treinamentos serão divididos entre seleções nacionais e os clubes de todas as divisões.
O repórter do portal G1 Gabriel Barreira lembra que o país vive um caos sanitário, social e político, e não tem condições de receber jogos. “Devem receber jogos: Arena da Amazônia, onde há uma nova cepa e faltou oxigênio; Mané Garrincha, na capital federal em meio à uma CPI da Pandemia; Arena Pernambuco, onde a Polícia Militar cegou dois em meio a protestos. A ideia parece ótima”, ironizou.
Fonte: RBA