Uma carta assinada por mais de 400 pessoas que vivem nos EUA, entre brasileiros, imigrantes e estudiosos sobre o Brasil, foi enviada ao presidente americano, Joe Biden, na segunda-feira para pressionar pelo envio de vacinas ao país. Apoiada pela Rede dos Estados Unidos pela Democracia no Brasil (USNDB), o documento representa o primeiro esforço de uma campanha maior para mobilizar a comunidade brasileira a pressionar o presidente, que até agora não se manifestou sobre o envio de imunizantes ao país.
O documento tem ainda o objetivo de incentivar parcerias entre empresas brasileiras e americanas para uma produção maior e mais sustentável do estoque de imunizantes e provisão de insumos.
Sob críticas por praticar o protecionismo das vacinas, o governo dos EUA anunciou há alguns dias o envio ao exterior, pela primeira vez, de 20 milhões de doses de imunizantes contra a Covid-19 que já tiveram seu uso aprovado nos EUA, das farmacêuticas Pfizer, Moderna e Johnson & Johnson. Até então, a Casa Branca havia autorizado a exportação apenas de 60 milhões de doses da vacina da Oxford/AstraZeneca, que ainda não foram liberadas pelas autoridades sanitárias locais.
Com mais de 450 mil pessoas mortas e muita devastação, é hora de colocar nossas diferenças de lado e unir forças para apoiar o povo brasileiro — disse Alvaro Lima, Diretor de Pesquisa da Agência de Planejamento e Desenvolvimento da prefeitura de Boston. — Depois de muita pressão, Biden anunciou que é a favor de suspender temporariamente as patentes, pelo tempo da duração da pandemia. Mas vem sendo pressionado por outros países, como o Canadá, a enviar vacinas extras. Pensando no fato de Brasil e Índia serem hoje os países que mais preocupam o mundo por suas variantes, é hora de fazer mais pressão. Em uma pandemia global não faz sentido esse apartheid de vacina.
O maranhense, radicado em Boston há 35 anos, explicou ao GLOBO que o documento foi enviado também a senadores e deputados na última segunda. O próximo passo, segundo ele, é organizar um evento virtual com representantes do governo americano para pressionar ainda mais.
O governo americano, que no último dia 6 declarou apoio à suspensão das patentes, não está entre os 62 signatários de uma proposta, encabeçada pela Índia e pela África do Sul, feita à Organização Mundial do Comércio (OMC) na semana passada para que a suspensão inclua “produtos e tecnologias da saúde” imprescindíveis no combate à Covid-19. O Brasil também não apoia a suspensão.
Nesta terça, a Casa Branca anunciou que metade dos adultos dos Estados Unidos completou a vacinação contra a Covid-19. Até agora, mais de 60% dos adultos — que correspondem a um total de 160 milhões de pessoas — receberam ao menos uma dose das três vacinas autorizadas no país (Moderna, Pfizer e Johnson & Johnson, esta última administrada em dose única). Pessoas de até 12 anos também podem receber a vacina da Pfizer-BioNTech, e a Moderna anunciou que sua vacina também foi eficaz em adolescentes, abrindo a porta para uma possível segunda vacina aprovada pelos EUA para jovens ainda este ano.
Enquanto isso, o Brasil caminha mais lentamente em sua campanha de vacinação. Até agora, 42.539.769 pessoas (20,09% da população) receberam a primeira dose de vacina, e 20.935.857 a segunda, o que representa uma cobertura vacinal completa de 9,89%.
Até a manhã de segunda-feira, o país ocupava o 2º lugar entre os países que mais registraram mortes por Covid-19 até agora, segundo dados do projeto Our World In Data, ligado à Universidade de Oxford. Nas últimas 24 horas, foram registradas 841 mortes e 37.563 casos de Covid-19 no país. Com isso, são 450.026 óbitos e 16.121.136 infectados desde o começo da pandemia.
Fonte: O Globo