No Distrito Federal, 65.817 pessoas tomaram a primeira dose da vacina contra Covid-19 e não retornaram para receber a segunda aplicação. Segundo especialista, apenas a primeira etapa não garante a imunização completa (entenda mais abaixo), já que o sistema imunológico precisa de um reforço para ter a chamada “memória imunológica”.
No Distrito Federal, 65.817 pessoas tomaram a primeira dose da vacina contra Covid-19 e não retornaram para receber a segunda aplicação. Segundo especialista, apenas a primeira etapa não garante a imunização completa (entenda mais abaixo), já que o sistema imunológico precisa de um reforço para ter a chamada “memória imunológica”.
De acordo com a Lei de Acesso à Informação (LAI), traz informações da Secretaria de Saúde, contabilizadas até o dia 10 de maio.
O levantamento mostra que são 44.226 pessoas imunizadas com a CoronaVac/Butantan e 21.591 com a AstraZeneca/Fiocruz que estão em atraso vacinal. Segundo o relatório, são pacientes que iniciaram o esquema de imunização e não completaram no tempo indicado.
No caso da CoronaVac, o intervalo entre as doses é de 14 a 28 dias. Já a AstraZeneca, a aplicação entre as etapas é de 90 dias.
Além dessas duas vacinas, a Pfizer/BioNTech também é manipulada na capital. A imunização com doses desse fabricante começou em 10 de maio, portanto, não há registros de atrasos, já que o intervalo entre as aplicações é de 21 dias.
O que diz a Secretaria de Saúde
Por outro lado, dados da Secretaria de Saúde mostram que 295.211 pessoas receberam as duas doses da vacina e, portanto, já completaram a imunização na capital. Ao todo, são 565.556 vacinados com a primeira dose.
Em nota, a pasta informou que “tem feito chamamento da população para aplicação da segunda dose da vacina contra a Covid-19”. A secretaria disse ainda que, para facilitar o acesso da população, o DF tem pontos exclusivos para aplicação da segunda dose.
“Além disso, a aplicação da segunda dose é feita por demanda espontânea nas unidades de saúde vacinadoras e drives-thru durante a semana e também nos fins de semana”, informou.
Entenda a importância da 2ª dose
Vacinação contra Covid-19 no Distrito Federal, em imagem de arquivo — Foto: Breno Esaki/Agência Saúde DF
O epidemiologista Wildo Navegantes, da Universidade de Brasília (UnB), explica que os estudos relacionados para demonstrar a eficácia da vacina foram feitos utilizando as duas doses, com espaçamento de tempo.
O especialista considera que “é quase um crime” as pessoas deixarem de tomar a segunda dose. “Essa falta deixa um outro usuário sem ter direito a essa proteção”, comentou.
“Usuários do SUS [Sistema Único de Saúde] que tomam apenas uma dose, com certeza terão uma absurda menor proteção”, alertou.
A Secretaria de Saúde reforça sobre os riscos de se deixar de completar a imunização. De acordo com a pasta, os estudos indicam que somente após a aplicação da segunda dose, “o ciclo de imunização é finalizado e a eficácia global está assegurada”.
E quais as causas?
Homem aguarda para vacinação contra a Covid-19 no Lago Norte, no DF, em imagem de arquivo — Foto: TV Globo/Reprodução
Para Wildo, as chamadas “notícias falsas” sobre a vacina podem ter impactado na procura pela segunda dose. “[Fake News] acontecem em uma velocidade absurda e confrontam a vacinação”, lamentou.
O especialista, no entanto, reforça que os imunizantes são seguros, e que, historicamente, melhoram a qualidade de vida do ser humano. “As vacinas sempre nos ajudaram a debelar doenças, principalmente em crianças e idosos”, disse.
O epidemiologista explica ainda que só a partir da segunda dose, “o corpo cria mais condições de evitar o vírus”.
Por outro lado, Wildo também diz que fatores comportamentais podem levar às pessoas ao atraso vacinal. “Caso a pessoa não tenha um hábito de procura pelo sistema de saúde, pode ser um dos motivos que não favoreça a vacinação”, afirmou.
Além disso, há outras situações que fizeram com que as pessoas deixassem de completar a imunização, como o medo de não encontrar doses na hora da vacinação ou enfrentar longas filas.https://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
Em outras unidades da federação, chegaram a faltar doses da CoronaVac para completar a imunização da Covid-19, porém, no Distrito Federal, não houve desabastecimento, já que a Secretaria de Saúde trabalha com estoque reserva.
Para amenizar o problema, o especialista sugere que o Executivo pode começar a anotar dados pessoais dos pacientes e entrar em contato, por ligações e até mensagens. “O ideal é fazer campanhas fortes, tanto no governo local, quanto no federal. Só assim a gente vai conseguir um maior nível de cobertura, reduzindo óbitos e hospitalizações, além de favorecer que a população tenha um refresco nessa pandemia”, comentou.
Fonte: G1