Governo Fake: título falso a Bolsonaro marca entrega de obra inaugurada em 2020

Ao que tudo indica, apoiadores e o próprio presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não conseguem ficar longe de fake news, direta ou indiretamente. Há dois anos sem pisar no estado, sua visita a Alagoas, na quinta-feira (13), foi coroada com o título fake de “Cidadão Maceionense”, já que a placa entregue pelo vereador Leonardo Dias (PSD) não foi aprovada pela Câmara de Maceió.

Aliás, a própria viagem de Bolsonaro ao Estado, na essência, não traduz a verdade dos fatos, uma vez que ele foi inaugurar obra já inaugurada pelo governador Renan Filho (MDB-AL), em dezembro do ano passado, entregar moradia depois que acabou com o programa habitacional Minha Casa Minha Vida, e inaugurar o Canal do Sertão Alagoano, fruto do projeto de transposição do Rio São Francisco, iniciado pelo então presidente Lula, o qual o governo Bolsonaro executou menos de 1%.

O presidente do PT de Maceió, Marcelo Nascimento, cobra investigação da entrega do título falso a Bolsonaro e diz que o presidente tentar desviar o foco das investigações da CPI da Covid no Senado. O Brasil já registra mais de 436 mil mortes por Coronavírus e, com o avançar de depoimentos à Comissão Parlamentar de Inquérito, fica cada vez mais caracterizada que houve omissão do governo federal no combate à pandemia, assim como negligência ao ignorar a compra de 70 milhões de doses de vacinas ofertadas pela Pfizer.

“Foi uma solenidade oficial com a entrega de uma placa com timbre do Legislativo municipal, fazendo referência ao título de cidadão honorário da cidade de Maceió, cujo projeto de lei foi retirado de pauta pelo presidente da Câmara Municipal, Galba Neto, em 27 de abril de 2021”, afirmou Marcelo Nascimento. De acordo com o regimento interno do Legislativo, o projeto agora só poderá ser apreciado na próxima legislatura.

“Essa prática condenável do vereador Leonardo Dias não pode se tornar rotina nem passar despercebida sob pena de desmoralização da classe política e das instituições públicas. É necessário que a Câmara de Maceió apure esse fato com maior celeridade possível e responsabilize, de acordo com seu regimento interno e código de ética, o vereador por essa falsa honraria, em flagrante desrespeito aos demais parlamentares e à municipalidade”, disse o dirigente petista.

O vereador Leonardo Dias publicou em sua rede social que “é uma piada” acusar de falsificação documento simbólico entregue por “Movimentos de Rua” e assinado por “Povo Soberano”. A placa com título fake foi dada a Bolsonaro durante a reinauguração do viaduto da PRF, no Bairro Tabuleiro do Martins.

A TV Brasil e o fotógrafo da Presidência da República registraram a entrega da placa de título fake ao presidente Bolsonaro, que foi recebido por manifestantes contrários a sua presença no Estado com frases como “Fora Bolsonaro” e “Bolsonaro genocida”. Eles também incendiaram pneus para impedir o acesso ao aeroporto Zumbi dos Palmares.

A viagem presidencial ocorreu no dia seguinte a seu filho senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) ter chamado Renan Calheiros, relator da CPI da Covid no Senado, de “vagabundo”.

Durante a entrega de moradias no Residencial Oiticica I, no Benedito Bentes, Bolsonaro fez coro aos ataques do filho, mas sem citar Renan, pai do governador de Alagoas e adversário dos Bolsonaros: “Há um vagabundo inquirindo pessoas de bem” na CPI da Covid.

Nascimento afirma que a agenda de Bolsonaro em Alagoas foi repleta de factoides. “O viaduto da PRF já está sendo utilizado pela população há seis meses. E o Canal do Sertão alagoano, uma das principais obras no Estado, é resultado de investimentos dos governos Lula, R$ 335 milhões, Dilma, R$ 1,4 bilhão, e Temer, R$ 307 milhões”, disse.

Uma prova de que Bolsonaro é descompensado foi a forma como ele reagiu aos protestos contra sua vinda a Alagoas, fazendo gestos obscenos e indecorosos que não condizem com a postura de presidente da República”, completou.

O vereador Dr. Valmir Gomes, do PT em Maceió, pediu esclarecimentos à Mesa Diretora da Câmara sobre a entrega do falso título a Bolsonaro, assim como também o fizeram movimentos de combate à corrupção na capital alagoana.

Inquérito das Fake News

Notícias falsas nunca foram tão disseminadas desde que o capitão disputou as eleições presidenciais de 2018 e tornaram-se marcas do bolsonarismo e canal de ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e à democracia. Em março de 2019, o então presidente do STF, Dias Toffoli, abriu inquérito criminal para investigar notícias fraudulentas e ataques a ministros da Corte. O relator do caso é o ministro Alexandre de Morares.

O ministro, inclusive, determinou que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) informe dados dos últimos 5 anos referentes à prestação de contas PTB. Ele quer saber se o partido utilizou recursos públicos do fundo partidário para divulgar fake news.

PT

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