Por Jacy Afonso, presidente do PT DF
As últimas semanas foram cruciais para o Partido dos Trabalhadores e para o Brasil. O reconhecimento pelo STF da suspeição do ex-juiz Sérgio Moro e a anulação dos processos do ex-presidente Lula em Curitiba colocaram fim ao calvário por qual passamos nos últimos anos. O fracasso do governo assassino de Jair Bolsonaro e de seu cúmplice no DF, Ibaneis Rocha, revelou ao povo que a perseguição ao PT, o golpe de 2016 e a prisão do companheiro Lula tinham como único objetivo possibilitar o avanço de uma agenda que jamais seria eleita pelas urnas.
A campanha contra o PT articulada pela direita, instrumentalizando a Lava Jato, que culminou com o golpe parlamentar de 2016, reverteu avanços importantes dos nossos governos. Mas o golpe contra a presidenta Dilma só foi possível, porque cometemos também erros. O maior deles foi um descuido em relação à construção e fortalecimento da nossa organização partidária e a falta de uma estratégia que cultivasse o enraizamento do partido nos movimentos sociais. O enfraquecimento da vida partidária, tornou nosso governo frágil durante crise como a de 2015 e 2016 e durante as eleições presidenciais de 2018.
A tragédia causada por Bolsonaro e Ibaneis durante a pandemia, a volta da fome e da miséria, o aumento do desemprego e da inflação estão fazendo o povo perceber a importância do PT na defesa de seus direitos. Com Lula elegível, temos todas as condições de articular uma aliança para barrar o avanço do ultraliberalismo de Guedes e a agenda assassina do governo de extrema-direita. Essa coalizão tem que ter como objetivo a defesa dos interesses dos trabalhadores e dos direitos sociais, a paralisação das privatizações, o combate à reforma administrativa proposta pelo governo e a reversão dos retrocessos representados pela reforma trabalhista.
A retomada de uma agenda popular depende, porém, não apenas da eleição do companheiro Lula. É fundamental construir uma aliança para derrotar o governo genocida e possibilitar o avanço de nosso programa. Só assim poderemos evitar que a direita consiga viabilizar uma terceira via que nos deixe fora do segundo turno. E só assim poderemos ter condições de governar, aprovando nosso programa no Congresso Nacional, para reverter o retrocesso dos últimos 5 anos de governo de direita e anti-povo.
É fundamental elegermos uma ampla bancada petista de apoio ao presidente Lula, tanto na Câmara dos Deputados como no Senado Federal. E isso só é possível, se elegermos também um grande número de governadores comprometidos com a defesa dos trabalhadores, não apenas na região Nordeste, como na última eleição, mas em outras regiões do país. As eleições presidenciais passam pelas eleições nos Estados. As alianças nacionais estarão também relacionadas às alianças que faremos no nível estadual.
O PT-DF é fundamental para essa estratégia. No Distrito Federal já tivemos bancadas amplas de parlamentares, com três deputados federais e sete deputados distritais. Mas, no último período, tivemos apenas a valorosa companheira Érica Kokay na Câmara dos Deputados e os dois companheiros na Câmara Legislativa do DF, Chico Vigilante e deputada Arlete Sampaio. Para elegermos uma bancada maior e derrotar Ibaneis Rocha, precisamos fazer uma frente com partidos progressistas que tenham concordância com o compromisso do PT na defesa dos trabalhadores.
O PT-DF tem lideranças habilitadas para representar o partido nas eleições de 2022. O partido vem dialogando com outros partidos e forças políticas, articulando ações de rua contra o governo Ibaneis e contra o governo Bolsonaro e se colocando para os desafios que enfretaremos no próximo período. Temos que ter a responsabilidade de propor ao povo do DF uma alternativa viável para derrotar a extrema-direita, sem permitir que projetos pessoais se imponham aos interesses do partido e aos interesses dos trabalhadores. Temos certeza de que a direção do partido saberá conduzir esse processo.
Mas a luta do PT não existe sem a força do movimento de trabalhadores. O PT sempre retirou sua força das organizações populares e sindicais. E as organizações dos trabalhadores sempre foram cruciais para a construção do partido. Nesse momento em que a extrema-direita avança com um programa ultraliberal de ataque aos direitos dos trabalhadores e aos direitos sociais, é mais do que nunca fundamental que o PT reafirme seu compromisso com os movimentos sociais e os sindicatos e sua luta. Não haverá vitória do PT que não seja também uma vitória dos trabalhadores. Nesse 1 de maio, renovamos o compromisso do partido, no DF e no Brasil, com o sindicalismo classista que sempre foi parte da identidade do PT.