Por Arlete Sampaio, deputada distrital
Este 1º de maio de 2021 encontra o Brasil em um dos mais graves momentos de sua história. Em 2016, com a farsa do impeachment de uma Presidenta legitimamente eleita, encerramos um período histórico virtuoso, marcado por importantes avanços e conquista para a classe trabalhadora e para o povo brasileiro. Um período que abriu importantes perspectivas para o crescimento e desenvolvimento econômico, com justiça e inclusão social. Um período de afirmação de nossa soberania e do papel do nosso país como protagonista na articulação e desenvolvimento da América Latina.
As ações desenvolvidas pelo impostor que assumiu o governo, deixam evidentes os reais motivos do golpe que as classes dominantes, setores do judiciário, a grande mídia, protagonizaram. A reforma trabalhista e a EC-95, não deixam dúvidas. Abrindo caminho para o capital financeiro e o rentismo, o golpe foi aprofundado pelo lawfare que levou à
prisão do Presidente Lula e o impedimento de sua participação nas eleições de 2018. Daí foi parida a terrível aliança entre o ultraneoliberalismo e a extrema direita, com a consequente eleição de Jair Bolsonaro, e o surgimento de governos estaduais e distrital com figuras desconhecidas que pousavam com o atributo de não serem políticos tradicionais.
O desastre veio a galope. Poderíamos falar de várias áreas desmontadas pelo atual (des)governo. Mas queremos focar no desastre sanitário que já levou à morte cerca de 400 mil brasileiras e brasileiros. O advento da pandemia devida ao novo Coronavírus (SARS CoV 2) agravou o caos econômico que já se avizinhava e revelou a completa insanidade de um governo que foi e tem sido incapaz de coordenar ações no plano nacional, capazes de contribuir para que Estados e o Distrito Federal e municípios pudessem enfrentar a pandemia.
A CPI da COVID-19, instalada no Senado Federal por decisão do STF, será um espaço fundamental para aprofundar as investigações que irão, certamente, demostrar a intencionalidade de um governo negacionista que pratica com prazer sádico a necropolítica. A pandemia chegou a um SUS fragilizado pela EC-95, mas também pela inação de governos estaduais e do DF.
Por aqui, a COVID-19 já abateu mais de 7 mil brasilienses e também revela a face perversa de um Governo que não coloca a vida em primeiro lugar. O Governo Ibaneis até começou aparentemente bem: foi o primeiro governo a decretar medidas. restritivas, um dos primeiros a obrigar ao uso de máscaras. Mas este “engajamento” durou pouco. A lentidão com que se proporcionou aos trabalhadores e trabalhadores da saúde os equipamentos de proteção individual (EPIs), a rapidez com que se reabriram os serviços não essenciais, a falta de atitudes diante das
incursões presidenciais abusadas, produtoras de aglomerações e desrespeitosas dos decretos locais, afastaram definitivamente o GDF do papel de guardião de vidas humanas para o de amigo próximo e parceiro político do Governo Federal.
Não tardaram as denúncias de corrupção, que levaram à prisão toda a cúpula da Secretaria de Saúde. O Governador Ibaneis Rocha nunca se esforçou em compreender a verdadeira dimensão da pandemia no DF. Nunca trabalhou para ampliar a cobertura da atenção primária, que seria fundamental para o trabalho nos territórios, nunca atuou para garantir às famílias condições mínimas de sobrevivência, com auxílios emergenciais efetivos e uma política de assistência social presente e ativa.
A segunda onda da pandemia, que qualquer pessoa minimamente informada poderia prever, pega o governo desprevenido. Sem planejamento e sem ações, as mortes se sucedem, as filas para uma UTI são uma realidade cotidiana, além da falta de EPIs e de insumos e medicamentos essenciais. As promessas de hospitais de campanha não se realizaram (pelo menos até o momento), à exceção do Hospital de Campanha da Ceilândia, mais uma vez
hipodimensionado.
Soma-se a tudo isso a pequeníssima oferta de vacinas para a população, ficando o Governo na dependência da incompetência do Ministério da Saúde. Até o momento nem as faixas prioritárias foram atendidas com a campanha de vacinação. A tentativa de instalar na CLDF uma CPI que investigue os desmandos na Saúde e em particular no IGES-DF tem esbarrado numa maioria governista que prefere se omitir. Aos poucos, entretanto, as verdades vem à tona e, em breve, será impossível não se posicionar diante das graves revelações do envolvimento do Governo em ações nada republicanas.
Neste contexto nos cabe desejar que este 1º de maio seja um momento de aglutinação de forças para retomar o DF e o Brasil para Governos Democráticos e Populares, que deveremos impulsionar, junto a outras forças políticas e aos movimentos sociais do Distrito Federal e do Brasil. O ciclo virtuoso será retomado,
Vamos à luta!
Brasília, 28/04/2021
Arlete Sampaio
Deputada Distrital