Uma das mais fiéis defensoras do presidente Jair Bolsonaro, a deputada Bia Kicis (PSL-DF) foi indicada por Artur Lira (Progressistas-AL), o novo presidente da Câmara, para presidir a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a mais importante da Casa.
A CCJ é a comissão encarregada de avaliar a constitucionalidade dos projetos apresentados, ou seja, se os projetos de lei propostos pelos deputados respeitam a Constituição Federal. A comissão também avalia a viabilidade de PECs (Propostas de Emenda à Constituição) e de pedidos de impeachment.
Kicis é um dos nomes investigados no chamado inquérito das fake news, investigação iniciada em 2019 para apurar ataques contra o STF (Supremo Tribunal Federal) e seus ministros por meio de notícias falsas, calúnias e ameaças.
Aos 59 anos, a deputada também é conhecida por sua postura negacionista em relação à pandemia — há cerca de um mês ela gravou um vídeo ensinando um “truque” para não usar máscaras em locais públicos. Em dezembro também havia parabenizado no Twitter as pessoas que fizeram protestos contra as regras de quarentena no Amazonas, pouco antes do colapso de saúde pública no Estado.
Também defendeu a cloroquina — medicamento sem eficácia comprovada contra a covid-19 e com efeitos colaterais considerados preocupantes por médicos — no tratamento contra o coronavírus, dizendo que o remédio “tem feito a diferença quando se trata de salvar vidas”.
Militante da internet
Ex-procuradora do Distrito Federal, Bia Kicis ganhou proeminência como militante na internet a favor do impeachment de Dilma Rousseff. Se tornou próxima de Bolsonaro e foi uma das articuladoras do contato entre o ex-capitão do exército e o economista Paulo Guedes.
Surfando na onda do bolsonarismo, foi eleita deputada pela primeira vez em 2018 pelo PRP, indo para o PSL em 2019. Desde então, no entanto, já sofreu ameaças de expulsão do PSL pelo menos duas vezes por infidelidade partidária, por apoiar a criação de um novo partido por Bolsonaro (a Aliança pelo Brasil, que não saiu do papel).
Foi sua atuação na internet que levou a deputada e se tornar suspeita no inquérito das fake news. A investigação apura se Kicis usou o orçamento de sua cota parlamentar para espalhar mensagens a favor de manifestações que pediam o fechamento do Congresso e do STF.
Kicis também foi acusada de racismo e denunciada ao STF por conta de uma postagem, feita após a saída dos ministros Sergio Moro e Henrique Mandetta do governo: a postagem mostrava o rosto dos ministros pintados de preto, fazendo alusão à uma suposta necessidade de cotas para sua contratação em algum lugar.
Atuação parlamentar
Como deputada, votou em 2020 contra a aprovação do novo Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) — fundo que reúne recursos para o desenvolvimento da educação básica no Brasil e cuja lei aumentou o aporte de verbas do governo federal. Também foi autora de uma nova versão do projeto Escola Sem Partido, que prevê o controle ideológico dos professores em sala de aula.
No ano passado também apresentou um requerimento para que a Câmara fizesse uma nota de repúdio contra o governo chinês, a quem ela culpava pelo coronavírus.
Também é autora de um projeto que pede pela volta do voto impresso, uma pauta que também é defendida por Bolsonaro com frequência.