A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) alterou ontem suas regras para conceder autorização de uso emergencial a vacinas — deixa de ser necessário que o imunizante tenha passado ou esteja passando por testes de fase 3 no Brasil. A decisão beneficia diretamente Sputnik V e Covaxin, produzidas na Rússia e na Índia, respectivamente. E a entrevista coletiva em que a Anvisa anunciou a mudança ainda estava em andamento quando o Ministério da Saúde anunciou que pretende comprar 30 milhões de doses de ambas. O negócio deve ser acertado na sexta-feira. As vacinas podem chegar ainda este mês, mas sua aplicação segue dependendo de uma confirmação final da Anvisa. Produzida pelo laboratório indiano Bharat Biotech, a Covaxin estava sendo negociada inicialmente por empresas privadas. (UOL)
Apesar da mudança de posição na Anvisa, a Covaxin deve fazer testes de fase 3 no Brasil, conduzidos pelo Instituto Albert Einstein. (Estadão)
Pois é… A vacina russa chega ao país devidamente politizada — tem por apelido “vacina do Centrão”. Quem a promove nos corredores palacianos é o ex-deputado Rogério Rosso (PSD), o homem que Eduardo Cunha queria ver como seu sucessor na presidência da Câmara. Rosso nega influência política e atribui a decisão da Anvisa a haver no Brasil uma farmacêutica bem equipada para produzir o imunizante — a União Química, representante aqui do Instituto Gamaleya, da Rússia. (Folha)
Acontece que a União Química, que vem sendo financiada pelo Fundo de Investimentos Diretos da Rússia, pertence a um empresário também com trânsito político: Fernando Marques. Em 2018 ele, no Solidariedade, tentou uma cadeira do Distrito Federal no Senado. Acabou em nono lugar, mas chamou a atenção por ser o candidato mais rico do país, com patrimônio declarado de R$ 668 milhões. (Veja)
Enquanto isso… Chegou no fim da noite de ontem o avião trazendo da China 5,4 mil litros de insumos para o Instituto Butantan produzir a Coronavax. O Brasil deve receber ainda cerca de dez milhões de doses de vacinas da Iniciativa Covax, da OMS. O material chega ao longo do primeiro semestre. (UOL)
Mas a situação segue grave. Ontem o país completou 14 dias com média móvel de mortes acima de mil, com o registro de 1.029 óbitos em 24 horas. (G1)
Com a crise no Amazonas longe de ser controlada, doentes continuam a ser transferidos para outros estados. Ontem, 17 pacientes vindos de Manaus chegaram ao Rio de Janeiro e foram internados no Hospital do Andaraí, na Zona Norte. (Estadão)
E dois colégios em Campinas (SP) suspenderam as aulas presenciais depois de um surto de Covid-19 entre funcionários e alunos. (Folha)
Enquanto isso, cedendo a pressões de comerciantes e alegando queda nas internações, o governador João Doria (PSDB) liberou abertura de comércio nos fins de semana em áreas que estão na fase laranja. (Globo)