Chico Vigilante – Deputado Distrital – PT/DF
Uma das maiores críticas que a direita do DF fazia ao governador Agnelo, do PT, era a sua política de gestão dos recursos humanos. Muitos diziam que o governo negociou de forma equivocada, concedendo reajustes e outros direitos.
Na verdade, esses críticos são os velhos adeptos de uma visão truculenta da relação trabalhista, tanto no setor público como na área privada. Quem foi ou é sindicalista no Brasil, e especialmente aqui no DF, sabe como essas pessoas, muitas delas ricas de hábitos luxuosos, desmerecem o trabalho daqueles que garantem o funcionamento das políticas públicas e das atividades empresariais. Sem trabalhador, o capital é inútil. Não produz riquezas.
Sem servidor público, o governo nada pode. Professores, médicos, enfermeiros e técnicos, auditores, gestores culturais, administradores, policiais, bombeiros, especialistas, enfim, todos os que atendem o públicos e desenvolvem uma multiplicidade de atividades que fazem a máquina pública operar.
Pois é, o governo do PT sabia disso e, errando ou acertando, sempre teve em alta conta o papel do trabalhador público e sempre buscou o diálogo.
Mesmo assim, nem sempre foi reconhecido, por parcela dos próprios servidores. Claro que, muitos ouviam os programas de rádio, as Tvs, os jornalões empresariais e acabavam por assimilar teses que eram contra seus próprios interesses.
Ora, veio Rollemberg e descumpriu acordos, arrochou salários, assumindo o discurso neoliberal do fiscalismo tacanho, mesmo sendo de um partido socialista. Foram quatro anos de frustração, pois boa parte dos servidores havia votado nele.
Quatro anos depois, Ibaneis vendeu o paraíso para os servidores. Disse que cumpriria os acordos sonegados por Rollemberg, que professores deveriam ganhar como os juízes e que a negociação seria a marca de seu governo.
Muitos votaram nele na boa fé.
Novo embuste. Já são seis anos sem reajuste e o presente do governador e da maioria da Câmara Legislativa foi o aumento brutal da contribuição previdenciária, inclusive para aposentados e pensionistas.
Segundo o INPC, já são 37,94% de inflação desde janeiro de 2015. Isso equivale a uma perda de quase 28%, sem contar o aumento da contribuição previdenciária. Ou seja, apenas manter o poder de compra, os salários teriam que ser reajustados por 37,94%. Ou invertendo o cálculo, um professor ou outro servidor que ganhava R$ 10 mil em janeiro de 2015, está recebendo hoje R$ 7.249 ou menos, pois pagava 11% de previdência e agora passou a pagar 14%.
Dizem que não há recursos orçamentários para reajustar. Diziam isso também quando Lula tomou posse em 2003. Hoje, todos sabemos que não houve governo que fizesse tantas reestruturações de carreiras e revisões salariais, sem provocar déficit nas contas. Ao contrário, nesse período, o Brasil reduziu a dívida interna e acumulou 370 bilhões de dólares de reservas cambiais. Então, a questão é outra: como fazer para ter os meios para tratar os servidores com dignidade.
Os mesmos “analistas” que defendem o arrocho e propalam a ineficiência do setor público são os que são contra a tributação das grandes fortunas ou dos dividendos. Entendeu?
Por isso, não posso me conformar com esse brutal arrocho e essa falta de respeito do GDF (e do governo Bolsonaro) com os servidores. E quero contribuir, modestamente, com o nosso mandato, para com o movimento sindical, por fim a essa vergonha.
O servidor público merece e precisa: reajuste já, respeito e dignidade!
Chico Vigilante é Deputado Distrital, foi Deputado Federal e presidente do PT/DF e da CUT/DF