Por Chico Vigilante
Quando você pagar sua conta de luz doméstica ou de pessoa jurídica, uma parte de seu dinheiro vai para a Espanha, a partir do momento que a Neoenergia assumir o controle da CEB, direito que conquistou ao oferecer o lance de R$ 2,51 bilhões, por sua controlada Bahia Geração de Energia, ex-estatal adquirida em 1997 (chamava-se Coelba), adquirida em 1997 por um consórcio entre a espanhola Iberdrola, Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil) e o próprio Banco do Brasil. Além da estatal baiana, no governo FHC compraram também a Coelpe (Pernambuco) e a Cosern (Rio Grande do Norte).
A pergunta que muitos fizeram na época foi: o que levou o BB e seu fundo Previ a se associarem com a espanhola Iberdrola. Alguns especularam e chegaram a uma incrível coincidência: o representante da empresa da Espanha para esse negócio foi o empresário Gregorio Marin Preciado, contraparente e ex-sócio do senador e ministro tucano José Serra num terreno em São Paulo, e que obteve R$ 2 bilhões na Previ, nos últimos cinco anos, para disputar leilões de privatização das três estatais estaduais de energia.
No BB, Serra havia indicado o diretor Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-caixa de campanha de Serra, em 1994. Na privatização das empresas de energia, Ricardo Sérgio deu seu voto favorável à aliança do BB com a Iberdrola. Operou para que a Previ, maior fundo de pensão do país, integrasse o consórcio dos espanhóis.
Agora, a Neoenergia dá um lance que demonstra o que dissemos. A CEB vale muito mais que o ridículo preço mínimo fixado para o leilão. Claro está que a Neoenergia entende que vale ainda mais. Pois essas empresas nunca pagam o que acham que vale, mas fazem projeções de sinergia de negócios e perspectiva de redução de custos, para propiciar uma geração de caixa ainda maior e recuperar o investimento mais rapidamente. Demitirão todos os que puderem, terceirizando serviços e concentrarão toda a área de gestão na holding, no Rio de Janeiro. Terceirizando a manutenção, pagarão menores salários e terão equipes menores, como sempre ocorre nas privatizações. O GDF vai embolsar um dinheiro agora e perderá a possibilidade de agir como defensor dos direitos dos brasilienses no tema da energia. A Aneel, como agência, mais parece defender os empresários, como temos visto no apagão do Amapá.
O Ibaneis, cada vez mais conhecido como Enganeis, por todas as mentiras que contou na campanha, inclusive em relação à CEB, abriu mão da empresa, encaixa o dinheiro de uma só vez e nós pagaremos com tarifas mais altas e serviços piores.
O governador coloca a coisa pública na privada. E todos nós pagaremos a conta, aos espanhóis. Chico Vigilante é Deputado Distrital, foi deputado federal de 1991 a 1998, fundador da CUT, do PT e do Sindicato dos Vigilantes do DF