Nota de repúdio ao Deputado Federal Bibo Nunes

Há anos, mulheres têm sido oprimidas pela sociedade machista, sexista, patriarcal, sendo alijadas dos espaços que lhes pertencem por direito, sobretudo os espaços públicos e políticos. Quando ali estão, muitas delas são ameaçadas, ofendidas ou submetidas a um papel subalterno.

Lutamos bravamente para ter nosso espaço e nossa voz reconhecida. Na Câmara dos Deputados hoje somos 77 deputadas eleitas, formando a maior bancada feminina da história nacional. Mesmo longe de representar a paridade que almejamos, falamos com firmeza e determinação, para que nos ouçam e considerem tanto nosso coletivo quanto as singularidades que nos constitui. Quando uma mulher toma a Tribuna do Parlamento ela fala representando milhares de outras junto a ela, essa legitimidade deve ser respeitada e não podem emudecer as pautas já tão silenciadas em outros lugares e dimensões.

Estamos fechando o ciclo deste ano de 2020 com recordes de violência doméstica, de desemprego para as mulheres e de violência política de gênero. Durante toda a campanha eleitoral, a violência de gênero esteve presente contra as candidaturas femininas e feministas, como ocorreu com Marília Arraes, Luizianne Lins, Benedita da Silva, Manuela D’Ávila e outras tantas nas cidades por todo o país.

A violência contra as mulheres se expressa dia após dia de diversas formas: verbal, imagética, cultural, moral, sexual, física, psicológica, patrimonial etc. Não aceitamos nenhuma diminuição da nossa existência, de nossa presença onde quisermos estar, de nossa agenda por igualdade e direitos, nem a subjetivação dos casos, minimizações ou revitimização ou qualquer violência em que a mulher seja tratada de forma estereotipada.

Por isso viemos manifestar o nosso absoluto repúdio à fala violenta, indecorosa e antiética do Deputado Federal Bibo Nunes que, ao se vangloriar de ter inventado um neologismo achincalhando as deputadas federais, e assim também a todas as mulheres por elas representadas, caracterizando a firmeza da posição das mulheres como histeria, incorreu em mais uma conduta que tenta controlar o que ou a forma que as deputadas se expressam e legislam. Qualquer deputado que usar a tribuna para ofender ou praticar violência contra as mulheres deve ser responsabilizado com o rigor que as regras de conduta da Casa estabelecem.

Todas as vezes que mulheres erguem a voz e lutam por direitos desafiam a lógica sexista, e se forem despertados gestos e falas de violência, não serão admitidos. Lugar de mulher é onde ela quiser, inclusive nos lugares de poder e não podem ser atacadas por suas manifestações legítimas. Isso não vai nos fazer calar, nem vai interromper a nossa luta para ampliar a representatividade de gênero e por direitos.

Não seremos silenciadas!

Núcleo de Deputadas do PT na Câmara Federal

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