4 das 11 vacinas contra Covid na fase final de testes já apresentaram taxas satisfatórias de eficácia e de segurança; veja comparativo

Quatro das 11 vacinas contra a Covid-19 que estão na fase 3 dos testes, a última etapa antes do pedido de registro, já apresentaram dados satisfatórios de segurança e de eficácia na proteção contra a doença.

Os dados foram divulgados pelas próprias desenvolvedoras (Pfizer/BioNTechModernaInstituto Gamaleya e AstraZeneca/Oxford). Todos os dados são preliminares, e nenhuma análise do atual estágio destas vacinas foi publicada em revista científica.

Veja, abaixo, um comparativo da taxa de eficáciasegurançalogística e produção e previsão de distribuição no Brasil:

Taxa de eficácia

  • Pfizer + BioNTech: 95% de eficácia e mais de 94% eficaz em idosos acima de 65 anos, segundo dados preliminares da fase 3.
  • Moderna: 94,5% de eficácia, segundo dados preliminares da fase 3.
  • AstraZeneca + Universidade de Oxford: 70% de eficácia, com uma variação de 62% a 90% de acordo com a dose aplicada.
  • Sputnik V: 92% de eficácia, segundo o governo da Rússia.

Em 11 de novembro, o governo russo divulgou os resultados preliminares da fase 3 da vacina Sputnik V, a primeira a apresentar os dados de eficácia e ter registro para aplicação no mundo. O estudo não foi publicado em revistas científicas, nem houve revisão dos dados por outros cientistas. O Instituto Gamaleya foi acusado de romper os protocolos habituais de desenvolvimento para acelerar o processo científico.

A empresa de biotecnologia chinesa Sinovac também encontra-se em testes de fase 3 para a CoronaVac, com milhares de voluntários. Apesar de se mostrar eficaz e segura nos resultados das fases 1 e 2, ela ainda precisa apresentar os dados da fase 3, etapa em que é medida a verdadeira eficácia. Por isso, não é possível falar em porcentagem de eficácia da CoronaVac neste momento.

A taxa de eficácia representa a proporção de redução de casos entre o grupo vacinado comparado com o grupo não vacinado. Na prática, se uma vacina tem 90% de eficácia, isso significa dizer que a pessoa tem 90% menos chance de pegar a doença se for vacinada do que se não for.

Segurança

  • Pfizer + BioNTech: as empresas disseram que, até agora, não encontraram nenhuma preocupação séria de segurança. O que houve foram reações adversas leves – e menos frequentes em idosos que em outras faixas etárias. Elas destacaram que foram alcançados todos os dados de segurança exigidos pela agência americana de saúde, a Food and Drug Administration (FDA), para a Autorização de Uso de Emergencial. Na sexta-feira (20), a Pfizer solicitou à FDA uma autorização para a sua vacina, o primeiro fabricante a dar este passo nos Estados Unidos e Europa.
  • Moderna: empresa afirmou que um estudo de eventos adversos indicou que a vacina foi bem tolerada, sem problemas significativos de segurança. Os efeitos foram leves ou moderados. Com base nessa análise provisória, a farmacêutica pretende solicitar à FDA o uso emergencial da vacina nas próximas semanas.
  • AstraZeneca + Universidade de Oxford: a farmacêutica apresentou um estudo da fase 2 no dia 19 de novembro na revista “The Lancet”, informando que a sua vacina se mostrou segura e consegue uma resposta dos anticorpos. Houve reações adversas leves – e menos frequentes em idosos que em outras faixas etárias.
  • Sputnik V: o governo russo informou que não houve eventos adversos inesperados durante os ensaios da vacina. A comunidade científica aguarda a publicação dos resultados em revistas da área para ter mais segurança com relação ao imunizante.

Logística e produção

  • Pfizer + BioNTech: as empresas têm o imunizante que envolverá maiores problemas de logística, uma vez que precisa ser transportado em uma temperatura de -70°C. Isso pode se tornar um grande empecilho, principalmente em regiões remotas ou muito quentes. A farmacêutica americana informou em nota que pretende resolver o problema com uma embalagem especial com temperatura controlada, que utiliza gelo seco para manter a condição de armazenamento por até 15 dias.
  • Moderna: sua vacina também oferece desafio de logística por causa da temperatura de armazenamento, que precisa ficar em torno de -20º C durante todo o transporte. Ponto positivo: é possível mantê-la em geladeira por até um mês.
  • AstraZeneca + Oxford: apesar de ter a menor porcentagem de eficácia (média de 70%), a vacina é a mais barata e mais fácil de armazenar e ser transportada para todas as regiões do mundo. Isso porque ela não precisa estar em temperaturas muito baixas e pode ser armazenada em geladeiras comuns.
  • Sputnik: o governo russo ainda não apresentou informações sobre condições de armazenamento e transporte da vacina. No dia 9 de novembro, o Instituto Gamaleya afirmou que espera publicar esse e outros dados sobre a vacina em um “futuro próximo”.

CoronaVac também promete evitar desafios de transporte. Segundo um estudo publicado em 17 de novembro na revista “The Lancet”, ela pode ser armazenada em refrigeração padrão (assim como a vacina da gripe) e por até três anos, o que representaria algumas vantagens de distribuição. Os estudos de fase 3 serão cruciais para comprovar todas essas informações preliminares.

Distribuição no Brasil

  • Pfizer + BioNtech: o Brasil ainda não fez acordo para adquirir a vacina, mas em 17 de novembro o governo brasileiro recebeu executivos da Pfizer para, segundo o Ministério da Saúde, “conhecer os resultados dos testes em andamento e as condições de compra, logística e armazenamento oferecidas pelo laboratório”.
  • Moderna: assim como a vacina da Pfizer, ainda não há um contrato com o governo federal ou com estados brasileiros para a aquisição da vacina da Moderna.
  • AstraZeneca + Oxford: a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) negociou um acordo com a AstraZeneca para a compra de lotes e transferência de tecnologia, o que permitirá a produção de mais de 70 milhões de doses da vacina no país no início de 2021. Além disso, o acordo prevê a entrega de 15 milhões de doses até dezembro de 2020 e outras 15 milhões até janeiro de 2021. Este o primeiro acordo firmado pelo Brasil e apresentada pelo Ministério da Saúde como a escolha inicial para o Sistema Único de Saúde (SUS).
  • Sputnik V: o governo do Paraná assinou acordo com o Instituto Gamaleya, da Rússia, para parceria no desenvolvimento da vacina. Também é importante acertar como seria a produção da vacina do Brasil, o que ainda não ocorreu.

Com relação à CoronaVac,o governo do estado de São Paulo tem um acordo com a Sinovac para o recebimento de 46 milhões de doses da vacina. Em 19 de novembro, as 120 mil primeiras doses prontas da CoronaVac chegaram ao Brasil. O material foi importado da China e desenvolvido pelo laboratório chinês, em parceria com o Instituto Butantan, em São Paulo. A previsão é que os profissionais da saúde no estado comecem a receber a vacina em dezembro.

Demais vacinas em testes em humanos

  • Sinopharm: outro laboratório chinês, ele tem dois projetos de vacinas com institutos de pesquisas do país. A Sinopharm e os outros laboratórios preveem uma capacidade de produção de até 610 milhões de doses por ano das várias vacinas chinesas contra a Covid-19.
  • Bharat Biotech: a empresa indiana começou a recrutar em novembro cerca de 26 mil pessoas para a sua “COVAXIN”, desenvolvida com o apoio do governo, e aposta em uma vacina disponível no primeiro semestre de 2021.
  • Johnson & Johnson: a empresa americana iniciou dois testes clínicos de sua candidata, composta por um adenovírus modificado, uma de apenas uma dose e a outra com duas doses. Em todo o mundo, 90 mil voluntários devem participar da pesquisa, segundo a France Press. Os resultados são aguardados para o primeiro trimestre de 2021.
  • CanSino Biological: a empresa chinesa desenvolveu a “Ad5-nCoV” em conjunto com o exército, uma vacina baseada em adenovírus. Os testes de fase 3 acontecem neste momento no México, Rússia e Paquistão, de acordo com a France Press.
  • Novavax: a empresa de biotecnologia americana trabalha em uma vacina chamada “subunitária” recombinante. A Novavax iniciou em setembro o teste clínico de fase 3 no Reino Unido e no fim de novembro deve começar um teste nos Estados Unidos, segundo a France Press. Dados preliminares são aguardados para o primeiro trimestre de 2021.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), há no total 222 vacinas contra a Covid-19 sendo desenvolvidas.

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