Por Andreza Xavier
Secretária de Mulheres PT-DF
O combate às diversas formas de violência contra a mulher é árduo e cotidiano. Essa realidade exige organização e luta para ser enfrentada. Logo, são inúmeras ações de conscientização, acolhimento e resistência, uma delas é a campanha dos 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher, da ONU Mulheres, que, no Brasil, conta com 21 dias, pois começa em 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, e termina em 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos.
Ao começar em um dia tão simbólico, a campanha destaca o machismo e o racismo sofrido pelas mulheres negras. Seus corpos e mentes são violentados pelo Estado, pela sociedade racista e machista das mais variadas formas, todas brutais. Entretanto, se o patriarcado racista não dá trégua à vitimização de mulheres negras, tampouco elas se curvam, ao contrário, há mais força e resistência negra no combate à supremacia masculina branca do que se pode mensurar.
As mulheres lésbicas, bissexuais e trans também se levantam contra a LBTfobia, contra a padronização de seus corpos e a invisibilização. Importante dizer que infelizmente o Brasil é o país que mais mata mulheres trans do mundo.
A violência também é uma dura realidade para as mulheres do campo, indígenas, quilombolas, ciganas, com deficiência. As mulheres são as principais vítimas das violências praticadas contra as comunidades indígenas no mundo, de acordo com relatório da ONU. Mulheres e crianças indígenas são violentadas e assassinadas por pistoleiros como forma de intimidar o povo a deixar a aldeia. Os responsáveis quase nunca são punidos.
As mulheres do campo e quilombolas sofrem com diversas outras violências fora das relações no ambiente doméstico e familiar, como as perseguições e a criminalização de atos na defesa dos seus territórios ameaçados constantemente. Já as mulheres com deficiência estão sujeitas a maiores riscos de sofrerem violência tanto no âmbito privado quanto no público.
Estamos vivendo um momento ainda mais difícil em 2020. No meio da pandemia da COVID 19, os casos de violência contra a mulher e de feminicídios aumentaram drasticamente. Temos um desgoverno negacionista, machista, racista, LGBTfóbico, que retira direitos das/os trabalhadoras/es e serve para cumprir os interesses das elites do nosso país, deixando-o cada vez mais subserviente aos EUA.
No DF, o governador Ibaneis Rocha não se cansa de atacar os/as servidores/as públicos/as e atua para promover uma grande onda de privatizações. Enquanto isso, a população continua sofrendo com a falta de investimentos na saúde, educação, transporte público, segurança, cultura. No âmbito do enfrentamento à violência contra a mulher, a precariedade e a falta de priorização das políticas públicas para combater as diversas formas de violência acabam vitimando cada vez mais mulheres.
Para enfrentar essa realidade, a Câmara Legislativa do DF instalou em 2019 a CPI do Feminicídio, que tem como vice presidenta a deputada distrital Arlete Sampaio (PT), com grande apoio e mobilização das mulheres feministas e dos movimentos de mulheres. A CPI atua no diagnóstico da realidade dos serviços de atendimento à mulher e seu resultado será de absoluta importância para as mulheres e para toda a sociedade do Distrito Federal.
É importante destacar que as mulheres tiveram um grande desempenho nas eleições municipais de 2020. Foram eleitas muitas mulheres negras, LBTs, jovens, periféricas, que representam a diversidade do PT e de nossa sociedade.
Nós seguimos lutando pela garantia dos nossos direitos sexuais e reprodutivos, ao contrário do que querem os setores fundamentalistas que insistem em legislar sobre nossos corpos. Lutamos contra um sistema de justiça que culpabiliza mulheres e protege estupradores, sobretudo quando são homens brancos e ricos. Gritamos a plenos pulmões que “estupro culposo não existe”. Por justiça para Mariana Ferrer e por todas nós! Lutamos pela memória de nossa companheira Leila Arruda, vítima de feminicídio no dia 19 de novembro. Leila foi candidata do PT à prefeitura de Curralinho (PA). Leila, presente!
Nestes 21 Dias de Ativismo, que toda a sociedade se mobilize pelo fim da violência contra as mulheres e que a mobilização perdure ao longo de todos os dias do ano, pois temos direito de viver sem violência.