por CUT-DF
A CUT-DF, o Sindicato dos Urbanitários no DF (Stiu-DF) e várias outras entidades foram à justiça questionar o governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), sobre as acusações feitas durante discurso no Sol Nascente. Em evento que inaugurou o programa Energia Legal no Distrito Federal, funcionários da Companhia Energética de Brasília (CEB) e dirigentes sindicais realizaram manifestação contra a privatização da estatal, que está em processo avançado. Irritado com a presença dos manifestantes, Ibaneis proferiu uma série de ataques ao grupo que ganhou repercussão nacional.
Segundo áudio que circula nas redes sociais, o chefe do executivo afirmou que sindicalistas são responsáveis pela suposta crise na CEB e pela falta de energia elétrica nas regiões de baixa renda do DF. “Essa empresa, que foi mal gerida pelos sindicalistas que ficaram nos últimos governos, estava quebrada e que vocês hoje passam dificuldades e que não têm energia exatamente porque o dinheiro ficou nas mãos deles. Que são eles que embolsam o dinheiro que era para estar colocando energia na casa de vocês todos. Esses recursos ficam na mão desses sindicalistas e desses que ficam lá dentro de seus gabinetes”, disse.
Indignados com a fala do governador, vários sindicatos prestaram solidariedade ao STIU-DF e aos trabalhadores da CEB, mas também se sentiram ofendidos pelos insultos e assinaram juntos a ação. (Veja abaixo a lista completa).
Na ação ─ protocolada nesta quarta-feira (14) no TJDFT ─ as entidades cobram que o governador explique na Justiça quais são os nomes dos sindicatos e dos sindicalistas que embolsaram o dinheiro que seria investido em energia elétrica, quando esses fatos ocorreram e quais os valores implicados. O processo interroga ainda se Ibaneis possui provas ou indícios das afirmações públicas que fez no Sol Nascente. Caso as possua, os sindicatos questionam o porquê de o governador não ter tomado nenhuma atitude para coibir tais práticas, já que se trata de crime legalmente previsto.
“A fala de Ibaneis não foi um ataque apenas aos dirigentes do Stiu-DF. Foi mais um ataque a todo o movimento sindical que faz a luta diária em defesa dos trabalhadores e das trabalhadoras. Porém, que fique claro que isso não vai intimidar a nossa mobilização contra a privatização da CEB e de outras estatais. Seguiremos unidos, mobilizados e prontos para barrar esse projeto entreguista”, disse o presidente da CUT-DF, Rodrigo Rodrigues.
Crime Institucional
De acordo com o advogado que representa os trabalhadores na ação, Jonatas Moreth, o discurso agressivo do governador contra os sindicalistas pode ser entendido como assédio institucional de natureza organizacional. Esse tipo de assédio caracteriza-se por um conjunto de discursos, falas e posicionamentos públicos ─ direta ou indiretamente ─ de gestores em posições hierárquicas superiores, que resultam em constrangimentos, desqualificações e deslegitimações de servidores e empregados públicos.
“Sem citar um fato sequer, de forma genérica, o governador, ocupando o mais alto cargo da Administração Pública do DF, ataca o conjunto dos sindicalistas e demais trabalhadores que, em algum momento, ocuparam espaços de direção nas empresas estatais.
Para Moreth, a postura do govenador do DF é bastante similar aos discursos do ministro da Economia, Paulo Guedes, que também, sem citar fatos ou argumentos, ataca constantemente os servidores públicos. Em evento realizado no Rio de Janeiro no início do ano, por exemplo,. “Tais práticas precisam, além das respostas políticas, serem enfrentadas também juridicamente”, afirmou o advogado.
Assinam a ação
Central Única dos Trabalhadores do Distrito Federal (CUT-DF)
Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB)
Federação dos Urbanitários do Centro-Norte (FURCEN)
Sindicato dos Bancários de Brasília
Sindicato dos Professores no DF (Sinpro-DF)
Sindicato dos Servidores da Assistência Social e Cultural do GDF (Sindsasc)
Sindicato dos Servidores Públicos Federais no DF (Sindsep-DF)
Sindicato dos Servidores do Detran do DF (Sindetran-DF)
Sindicato dos Urbanitários no DF (STIU-DF)
Sindicato dos Vigilantes do DF (Sindesv-DF)
Sindicato dos Trabalhadores em Escolas Públicas no DF (SAE)
Sindicato dos Trabalhadores dos Correios e Telégrafos (Sintect-DF)