Um desastre chamado Guedes: até a declaração simplificada está em risco

Por Chico Vigilante – Deputado Distrital – PT/DF

Cada vez mais, confirma-se o desastre econômico do governo Bolsonaro. O ministro da Economia, que concentra o poder de seis ministérios em um só, demonstra sua incapacidade para comandar uma estratégia de enfrentamento à crise brasileira. Crise que foi agravada pela pandemia, mas que vem de antes, desde Henrique Meirelles, com a reforma trabalhista – lembram? -, aquela que iria gerar milhões de empregos e só gerou precarização e, portanto, redução da massa salarial do país.

Os golpistas aproveitaram a onda para aprovar a emenda constitucional do teto de gastos, que engessa o orçamento por congelar por vinte anos os gastos público, em um país que precisa de mais investimentos públicos em saúde, educação, assistência, meio ambiente e tantas outras políticas públicas.

A eleição de Bolsonaro teve como fiador junto aos banqueiros o Paulo Guedes, que prometeu tudo o que o “mercado” gosta: privatizações, desregulamentação, reformas para tirar os direitos do povo trabalhador e outras maldades. E ele está fazendo o que anunciou.
A reforma da previdência adiou, impediu e reduziu o direito dos trabalhadores. Muitos eleitores do capitão de araque não vão aposentar, outros vão ter que esperar anos a fio para ter um direito que estava no horizonte. E, quando conseguirem, o valor será bem menor que antes da reforma. Só pra termos uma dimensão da crueldade: os muitos milhares de viúvos e viúvas da COVID, terão meia pensão, um direito que era integral virou metade.

E o dólar? Batendo nos R$ 5,60, pressionam os preços de tudo, especialmente de alimentos e dos derivados de petróleo. Com o desemprego e a inflação dos alimentos, mais gente está passando fome, arroz a R$ 30, óleo, feijão e carne subindo a todo momento. E o gás de cozinha já faz muita gente cozinhar com lenha.

Guedes não queria o auxílio emergencial, em primeiro momento propôs R$ 200. A oposição forçou a barra e o Congresso aprovou os R$ 600, por três meses, prorrogados por mais dois meses, e agora mais quatro parcelas de R$ 300. Ou seja, quem se virou com o emergencial vai ficar mais apertado, tendo que escolher entre o mercado e a conta de luz ou o botijão de gás.
Guedes continua obcecado pelo teto, como se o mundo com pandemia, pudesse ficar refém de crendices liberais de antes desse pandemônio.

Milhares de pequenos negócios, bares, restaurantes, salões de beleza e outros quebraram por falta de apoio do governo federal. Destruição de projetos familiares e de empregos que aparecem na pesquisa de desemprego do IBGE, realidade nua e crua batendo à porta das famílias.
Agora, como o presidente quer ter um Bolsa-família com nome de Renda Cidadã, um pouco maior, a equipe de Guedes inventa mais uma atrocidade: acabar com a declaração simplificada do IRPF, eliminando o desconto-padrão, que existe desde sempre e alivia especialmente os assalariados da classe média, que pagam mais imposto e que, em sua maioria, arca com custos de saúde privada, educação privada e outros serviços.

O ministro, claramente perdeu o rumo e o prumo. Já é atacado por colegas de ministério que percebem o naufrágio que vem por aí, nestes meses que restam de 2020 e no próximo ano. Bolsonaro sabe que sua popularidade pegou a onda do auxílio turbinado pela oposição. E já pressente a necessidade de não abastecer mais sua política no “posto ipiranga” de Guedes.

O povo brasileiro, os mais lutadores, pobres e da classe média, que viveu anos de prosperidade, aumentos reais, recordes de geração de emprego, comida acessível e viajando de avião, ciência sem fronteiras, Fies, crédito farto, Minha Casa, Minha Vida, etc., começa a perceber que o voto não tem preço, mas tem consequências.

A pandemia restringe as nossas possibilidade de luta, mas a fome e o desemprego vão elevar a temperatura no país. O Brasil está sob o comando de pessoas insensíveis e oportunistas que não tem compromisso com o povo. E a mobilização para a luta é a única saída, quando a sobrevivência está em jogo.

Chico Vigilante é Deputado Distrital, foi Deputado Federal, fundador do PT e da CUT

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